O estudo, intitulado "Contas de ecossistemas: o uso da terra nos biomas brasileiros (2000-2018)", foi realizado com base em imagens de satélite e pesquisas de campo.
O documento "apresenta o grau de preservação dos ecossistemas" do maior país da América do Sul com uma "análise das áreas naturais remanescentes a partir das conversões do uso da terra em atividades como agricultura, pastagem e silvicultura".
Em números absolutos, a maior perda de vegetação nativa brasileira neste período aconteceu na Amazónia, onde 269,8 mil quilómetros quadrados de mata nativa foram devastados, seguido pelo cerrado, que perdeu 152,7 mil quilómetros quadrados.
A cobertura florestal da Amazónia brasileira em 2000 representava 81,9% de sua área total, proporção que se reduziu para 75,7% em 2018.
Essa área foi substituída, principalmente, por pastos para criação de gado, que ocupavam uma área 248,8 mil quilómetros quadrados, em 2000, e se expandiram para um território de 426,4 quilómetros quadrados, em 2018, adianta o estudo.
O levantamento refere também que houve um gradual crescimento da área agrícola na região amazónica, passando de 17 mil quilómetros quadrados em 2000 para 66,3 mil quilómetros quadrados em 2018.
No cerrado, o cenário de perdas foi causado pela expansão acelerada da agricultura, que cresceu 102,6 mil quilómetros quadrados no período de 2000 a 2018, substituindo a vegetação campestre e a florestal.
"Em 2018, 44,61% das áreas agrícolas e 42,73% das áreas de silvicultura do Brasil encontravam-se no cerrado", frisou o IBGE.
O bioma que teve as menores perdas no período analisado foi o Pantanal.
No período analisado, a vegetação nativa nesta área perdeu uma área 2,1 mil quilómetros quadrados, mas desde 2010, cerca de 60% das mudanças foram de áreas naturais campestres para pastagem com manejo, técnica para aumentar a produção de carne e leite.
Este bioma tornou-se alvo de grande preocupação de ambientalistas devido aos grandes incêndios registados este ano, que já destruíram cerca de 22% (mais de três milhões de hectares).
O Pantanal ocupa uma área de mais de 150 mil quilómetros quadrados na região centro-oeste do Brasil.
A Mata Atlântica, bioma localizado na região costeira do país e que historicamente foi o mais destruído porque sofre a ocupação humana mais antiga e intensa, conservava apenas 16,6% de suas áreas naturais, em 2018, a menor percentagem entre os biomas.
Na caatinga, um bioma semiárido que ocupa parte da região nordeste do país, houve uma diminuição da vegetação natural em 26,7 mil quilómetros quadrados ao longo do período analisado.
Segundo o IBGE, em termos percentuais, o pampa (designação dada às planícies incultas da América do Sul), bioma localizado na região sul do país, foi o que mais perdeu área natural (16.161 quilómetros quadrados), o que representa 16,8% de sua área total.
Neste período (2000-2018), 58% das áreas naturais do pampa foram convertidas em área agrícola, e 18,8%, em silvicultura, adianta o estudo Instituto de Geografia e Estatística Brasil (IBGE).