A investigação de uma equipa de cientistas de instituições do Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos, publicada hoje na revista Science, concluiu que se um décimo dos mais de 12 biliões (milhões de milhões) de dólares anunciados para a recuperação económica fossem investidos anualmente durante os próximos cinco anos em projetos de energia 'verde', "o mundo poderia ser encaminhado para cumprir as metas do Acordo de Paris" sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
Era preciso, defendem os investigadores do Imperial College (Reino Unido), Climate Analytics (Alemanha) e Instituto de Investigação em Eletricidade (Estados Unidos), que essa parcela fosse investida em planos de recuperação que desviem o sistema energético global das fontes de energia poluentes.
"Não se trata de desviar dinheiro dos estímulos financeiros ou de outros investimentos na indústria e investigação mas de caminhar para uma solução em que todos ganham: uma economia reforçada que também contribuiu para os esforços de combate às alterações climáticas", afirmou a primeira autora do estudo, Marina Adrijevic, da Climate Analytics.
Outro dos autores, Joeri Rogeli, do Imperial College, salientou que os investimentos necessários para manter o aumento da temperatura global limitado a até 1,5 graus centígrados até ao fim do século "estão bem dentro do orçamento", notando que constituem apenas um oitavo do dinheiro mobilizado para responder à crise económica provocada pela pandemia.
Além de estimular a economia, esse dinheiro poderia servir para acelerar a adoção de fontes de energia de baixas emissões de GEE e de medidas de eficiência energética, defendem.
Isso poderia ser feito com estímulos diretos e investimentos e também com políticas como incentivos fiscais e reembolsos, que teriam também como efeito estimular novas indústrias e criar empregos.
O trabalho da equipa também aponta para a necessidade de evitar uma recuperação económica assente em tecnologia poluente, bem como evitar estímulos financeiros para o setor dos combustíveis fósseis, onde se espera que os investimentos continuem durante os próximos anos.
Da sua análise, concluem que o caminho que apontam será mais fácil para certos países do que para outros, dependendo do dinheiro que se comprometeram a canalizar para a recuperação económica.
Por exemplo, os Estados Unidos e a União Europeia assumiram os maiores compromissos para a recuperação e têm que fazer os menores investimentos, proporcionalmente, para cumprir as metas de Paris, enquanto economias como a indiana têm que fazer um esforço maior, ao mesmo tempo que não mobilizaram tanto dinheiro para a recuperação.