Covid-19: Vacina chinesa demonstrou ser segura em testes no Brasil

A Coronavac, vacina contra o novo coronavírus do laboratório chinês Sinovac, na terceira fase de desenvolvimento, demonstrou ser segura em testes realizados no Brasil, anunciou hoje o governador do estado brasileiro de São Paulo, João Doria.

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Lusa
19/10/2020 19:34 ‧ 19/10/2020 por Lusa

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"Os primeiros resultados dos estudos clínicos realizados no Brasil comprovam que, entre todas as vacinas testadas no país, a Coronavac é a mais segura, a que apresenta os melhores e mais promissores índices no Brasil. É, de facto, a vacina mais avançada neste momento", declarou Doria, numa conferência de imprensa, na sede do governo regional de São Paulo.

O imunizante foi aplicado em nove mil voluntários, com idades entre 18 e 59 anos, segundo dados divulgados pela equipa do governdor, que mostram que apenas pouco mais de um terço (35%) dos testados reportaram reações adversas leves após a aplicação, como dor no local da aplicação ou dor de cabeça.

Não houve qualquer registo de efeito colateral grave durante a testagem.

Os testes da Coronavac, que será produzida no Brasil se a sua eficácia ficar comprovada, foram iniciados em julho, através de uma parceria entre a Sinovac e o Instituto Butantan, que é ligado ao governo regional de São Paulo.

Segundo dados apresentados por Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, as reações mais comuns entre os participantes brasileiros do estudo após a primeira dose da Coronavac foram dor no local da aplicação (19%) e dor de cabeça (15%).

Na segunda dose, as reações adversas mais comuns foram dor no local da aplicação (19%), dor de cabeça (10%) e fadiga (4%). Febre baixa foi registada em apenas 0,1% dos participantes e não há nenhum relato de reação adversa grave à vacina até o momento.

"A vacina do Butantan [Coronavac] é a mais segura em termos de efeitos colaterais. É a vacina mais segura neste momento não só no Brasil, mas no mundo", reafirmou Dimas Covas.

O especialista destacou que as outras vacinas em teste no país na fase três de desenvolvimento (uma da Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, o imunizante da Janssen-Cilang e duas vacinas da Pfizer-Wyeth), tiveram efeitos colaterais superiores aos testes da Sinovac.

O estudo da Coronavac no Brasil foi iniciado em 21 de julho e prevê a participação total de 13 mil voluntários, todos profissionais da saúde que atuam no atendimento a pacientes com covid-19.

Segundo Dimas Covas, os voluntários estão a ser acompanhados pelos 16 centros de pesquisa distribuídos por sete estados e o Distrito Federal.

A partir de outubro, a testagem do imunizante contra a covid-19 será alargada a voluntários idosos, portadores de co-morbilidades e gestantes.

Questionado sobre a inclusão da Coronavac no calendário de vacinação do Brasil, formulado pelo Ministério da Saúde, Doria afirmou que as conversações entre Instituto Butantan, o governo regional de São Paulo e o Governo central estão a acontecer "de forma muito positiva".

"Esperamos que esta vacina seja incorporada e que possa estar disponível nos programas de imunização o mais rápido possível", afirmou.

Doria também revelou que vai reunir-se com responsáveis do Ministério da Saúde do Brasil e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na próxima quarta-feira, quando espera definir se haverá a inclusão da Coronavac no cronograma de vacinas do país.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,2 milhões de casos e 153.905 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

 

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