Duas minas de ouro suspensas após turvarem rio no centro de Moçambique

As autoridades de Manica, centro de Moçambique, suspenderam duas empresas mineiras de extração de ouro depois de turvarem um rio, tornando-o impróprio para a atividade agrícola e pecuária, disse hoje à Lusa fonte da inspeção do setor.

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© EPA

Lusa
20/10/2020 10:17 ‧ 20/10/2020 por Lusa

Mundo

Moçambique

As empresas Clean Tech Mining e Gem Resources foram suspensas na última semana ao lançar derivados de processamento mineiro ao rio Rovué, o principal afluente da barragem de Chicamba, que distribui água e energia para a província de Manica.

"Tecnicamente, as áreas onde estavam a trabalhar têm espaço suficiente para abrir bacias de decantação ou segmentação e poder reutilizar a água", mas numa "ação propositada" acabaram por lançar efluentes com lamas para o rio, disse à Lusa Octávio Semba, inspetor de minas nos serviços provinciais de infraestruturas.

As empresas descarregavam a lama pela calada da noite, quando ninguém observava, tornando a água do rio imprópria para a alimentação de gado, irrigação de campos e prática da agricultura, de que depende a maioria da população local, explicou.

A prática é "nociva para o ambiente", disse, acrescentando que as autoridades não sabem há quanto tempo durava.

As punições podem levar à retirada das licenças, disse.

Com estes dois casos, sobe para seis o total de firmas mineiras suspensas por prejudicarem o ambiente em Manica desde 2017 - duas naquele ano e outras duas em 2018.

Na mesma área continuam a operar outras 10 empresas do setor.

Há ainda cinco que não retomaram a atividade devido à covid-19.

Em maio de 2016 e após 10 meses de atuação da polícia ambiental, o governo provincial anunciou a recuperação de quatro de um total de seis rios poluídos, em áreas devastadas pelo garimpo artesanal.

Na altura, a poluição acontecia porque a extração de ouro era feita com mercúrio e bórax.

A ação permitiu melhorar a qualidade de vários cursos de água na região, nomeadamente dos rios Chimeza, Lucite, Nhancuarara, Zambuzi, Pungué e Revué, embora estes dois últimos nunca tenham chegado a ficar totalmente limpos.

"Não podemos permitir práticas nocivas ao ambiente" que podem voltar a poluir os cursos de rios já recuperados pela polícia ambiental, precisou Octávio Semba.

O distrito de Manica, fértil em recursos minerais, enfrenta uma forte atividade de extração de ouro e bauxite por empresas nacionais e estrangeiras, a par de uma intensa atividade de garimpo.

 

 

 

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