A informação foi confirmada num comunicado enviado à imprensa local, e diz respeito a uma licença para importação das doses, e não para aplicação e distribuição, indicadores esses que dependerão do resultado dos testes clínicos e do registo da vacina no país.
O imunizante encontra-se atualmente na terceira fase de testes, sendo que a Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, ainda não obteve o registo para aplicação do produto.
Até ao momento, apenas dados parciais referentes à segurança da vacina foram apresentados pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, mas não foram enviados à Anvisa, nem foram publicados em revistas científicas.
Segundo o Butantan, os testes da coronavac no Brasil mostram que o imunizante é o mais seguro entre todos os que estão na fase final de testagem, por apresentar o menor índice de efeitos colaterais.
A decisão de autorizar a importação das doses ocorre um dia após o diretor-geral do Butantan, Dimas Covas, ter afirmado que a órgão regulador estaria a atrasar a autorização para a importação excecional de matéria-prima da Sinovac, que possibilitará a fabricação da vacina no Brasil, declarações que foram refutadas pela Anvisa.
A Coronavac tem sido alvo de uma forte disputa política no Brasil.
O Governo de São Paulo aliou-se à Sinovac para coordenar a última fase dos ensaios clínicos da Coronavac em território brasileiro, e assinou um contrato que incluiu a aquisição e distribuição de 46 milhões de doses do imunizante.
Por sua vez, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou na última terça-feira a intenção do Governo central de comprar mais 46 milhões de doses da fórmula chinesa, ainda em estudo.
Porém, um dia depois, Bolsonaro desautorizou o seu ministro, através das redes sociais, e vetou a compra da Coronavac, argumentando que o imunizante ainda nem sequer havia superado a fase de testes clínicos.
A recusa do chefe de Estado brasileiro contrasta com um outro acordo - firmado pelo seu governo com a Universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca - para a compra de 100 milhões de doses da vacina, que ambas as instituições desenvolvem e que se encontra na mesma fase de estudos que o imunizante da Sinovac.
Bolsonaro, que se mostra cético em relação à gravidade da pandemia e se declara anticomunista, também determinou que a vacinação contra a covid-19, que já causou mais de 156 mil mortes e 5,3 milhões de infetados no Brasil, não será obrigatória.
Toda a situação gerou uma forte polémica no país e transformou a distribuição da futura vacina numa batalha altamente politizada entre o chamado "Bolsonarismo" e a oposição, tanto conservadora quanto de esquerda.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.