Em declarações à Lusa, Nelito Ekuikui disse não ter havido nenhuma razão que justificasse a agressão e afirma ter sido retido durante cerca de uma hora, acusando as autoridades de "uso excessivo da força" e de estarem a cometer uma ilegalidade.
"Disseram que a manifestação não pode ocorrer porque viola o decreto presidencial [que atualiza a situação de calamidade pública e entrou em vigor hoje], mas estão a violar a Constituição", afirmou o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, recordando que ele próprio foi legislador da lei de proteção civil, que não contempla a suspensão de direitos como os de manifestação.
"Claramente, este decreto foi forjado para impedir a manifestação", acusou Nelito Ekuikui, criticando a presença das forças armadas nas ruas de Luanda e aconselhando o Governo a recorrer ao diálogo porque os protestos "não vão parar".
O deputado da UNITA afirmou também que um dos organizadores da manifestação, o ativista Dito Dali foi ferido e teve de receber assistência hospitalar, tendo sido detidos "cerca de 40 jovens", entre os quais o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.
A Lusa procurou obter esclarecimentos adicionais e confirmação das detenções junto da polícia de Luanda, que remeteu informações para mais tarde.
A marcha de hoje, convocada por ativistas da sociedade civil, mas que contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição, visa reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola, que estavam previstas para este ano e foram adiadas sem nova data.