Numa declaração aos deputados, da qual excertos foram revelados antecipadamente, o chefe do Executivo vai justificar a necessidade de tomar estas medidas rapidamente devido ao agravamento da situação epidémica.
"Modelos produzidos pelos nossos cientistas sugerem que, a menos que atuemos agora, poderemos registar no inverno duas vezes mais mortes do que na primeira vaga. Perante estes números mais recentes, não há alternativa senão tomar mais medidas a nível nacional", vai justificar.
Antecipando as críticas da oposição, que tinha defendido um confinamento nacional durante outubro, tal como um grupo de cientistas, Boris Johnson vai defender a sua estratégia anterior, de "controlar o vírus a nível local" com um sistema de vários níveis de restrições.
A declaração, na parte da tarde, será seguida por um debate, mas a votação só está prevista para quarta-feira.
O primeiro-ministro foi forçado a anunciar o confinamento no sábado, numa conferência de imprensa em Downing Street marcada à pressa devido a uma fuga de informação que revelou os planos à imprensa britânica.
As novas medidas determinam que 'pubs' e bares, restaurantes e comércio não essencial, ginásios ou cabeleireiros fechem durante quatro semanas, mas escolas, faculdades e infantários vão permanecer abertos.
As pessoas devem reduzir deslocações e trabalhar a partir de casa se puderem, mas vão poder fazer exercício e socializar em espaços públicos ao ar livre com uma mais uma outra pessoa de outro agregado familiar.
Este novo confinamento afeta apenas Inglaterra, pois as regras para matérias de saúde são da responsabilidade dos governos autónomos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
Boris Johnson disse que o confinamento vai durar até 02 de dezembro, e que espera voltar à abordagem de restrições locais, mas em declarações à Sky News, no domingo, o ministro do Conselho de Ministros, Michael Gove, não excluiu um prolongamento.
Apesar de ter o apoio da oposição, o primeiro-ministro deverá enfrentar críticas de deputados do seu próprio Partido Conservador, que receiam o impacto do confinamento na economia.
No domingo, o Reino Unido registou 162 mortes e 23.254 novas infeções com covid-19 no espaço de 24 horas, tendo sido internadas 1.442 pessoas nos hospitais devido a complicações resultando do coronavírus.
Com 46.717 óbitos registados oficialmente, o Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortes de covid-19 e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, Índia e México.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 1,2 milhões de mortos e mais de 46 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.544 pessoas dos 144.341 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.