Joe Biden alcança o cargo mais alto ao fim de 47 anos de carreira

Ao fim de 47 anos de carreira na política norte-americana, Joe Biden alcançou hoje o cargo mais alto de uma nação profundamente dividida.

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© REUTERS/Kevin

Lusa
07/11/2020 18:23 ‧ 07/11/2020 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

Biden chegou à nomeação presidencial pelos democratas em 2020 depois de duas tentativas falhadas no passado, uma em 1988 e outra em 2008.

"O caráter do nosso país está a votos. O nosso caráter está a votos. Olhem para nós atentamente", disse o democrata no último debate contra o Presidente Donald Trump, a 22 de outubro, falando diretamente para a audiência.

Joe Biden foi o candidato mais velho de sempre e é o mais velho de sempre a alcançar a Presidência dos Estados Unidos, com 77 anos, oito dos quais foi vice-presidente de Barack Obama (2009-2017).

O seu extenso currículo na política, onde entrou com apenas 30 anos, é em simultâneo uma vantagem, pela experiência e histórico que acumulou, e uma desvantagem, pela noção de que teve muito tempo para fazer mudanças que ainda não foram concretizadas.

Mas Joe Biden, lembrando que nunca foi Presidente, apresentou-se a votos tanto para fazer reformas como para impedir a continuidade do descalabro que atribui a Donald Trump. "Estamos prestes a entrar num inverno escuro", apontou no debate, sobre a escalada da pandemia de covid-19, "e ele não tem um plano claro".

Biden apresentou-se aos eleitores como sendo o oposto e prometeu uma plataforma com políticas sólidas, capitalizando no elevado reconhecimento entre os eleitores e alguma obra feita.

Da lista de propostas da sua campanha fizeram parte a gratuidade dos testes para a covid-19, a legalização dos emigrantes 'dreamers', as baixas remuneradas de parentalidade ou doença e o aumento do salário mínimo para 15 dólares (12,8 euros) à hora, mais do dobro dos atuais 7,25 dólares.

Defendeu ainda a extensão da cobertura dos serviços de saúde, e o aumento, para 39,6%, do imposto cobrado aos cidadãos com mais rendimentos.

Com uma carreira repleta de gafes e posições que foram evoluindo, Biden ocupou sempre um lugar no centro moderado do partido Democrata, tendo sido essa a bandeira que desfraldou na sua campanha pela nomeação, em 2019.

Ainda assim, o veterano conseguiu o apoio da ala mais progressista do partido, e notoriamente de Bernie Sanders, que desistiu da nomeação em prol do ex-vice-Presidente.

Nascido na Pensilvânia em 1942, no seio de uma família católica, Biden adotou Delaware como sua casa quando se mudou para lá com a família em 1953.

Antes disso, um jovem Biden formado em História e Ciência Política na Universidade de Delaware e depois em Direito na Universidade de Syracuse tinha exercido advocacia durante três anos. Já nessa altura a sua ambição era chegar à Presidência.

Mas o seu percurso profissional foi afetado pela tragédia pessoal, quando a então sua mulher, Neilia Hunter, e a filha de um ano morreram num acidente de automóvel, apenas semanas após a eleição para o Senado. Os outros dois filhos, Beau e Hunter, ficaram feridos, mas sobreviveram.

Cinco anos depois, Joe Biden casou com Jill Jacobs e o casal teve uma filha em 1981, o que permitiu ao político recuperar a estabilidade pessoal.

Depois do fim da administração Obama, Biden disse ter voltado à política não apenas para "reconstruir o que funcionou no passado", mas para aproveitar a oportunidade de "reconstruir melhor que nunca".

Condecorado em 2017 com a Medalha Presidencial da Liberdade, com Distinção, o maior grau de distinção civil, o candidato é responsável pela criação da Fundação Biden, o Centro Biden de Diplomacia da Universidade de Pensilvânia, a Iniciativa Biden para o Cancro e o Instituto Biden da Universidade de Delaware.

Várias destas iniciativas estão ligadas a outra tragédia pessoal, depois de o seu filho mais velho, Beau, ter morrido de cancro no cérebro em 2015, aos 45 anos.

O próprio Biden sofreu dois aneurismas nos anos 1980 e teve de ser operado ao cérebro.

Devido à sua idade, questões em torno da longevidade e saúde de Joe Biden foram levantadas na campanha, apesar de se terem esbatido depois de o Presidente Donald Trump ter ficado infetado por covid-19.

Para contrariar estes ataques, o candidato democrata prometeu ser "totalmente transparente" quando à sua condição de saúde se fosse eleito.

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