"Apelo à cessação imediata das hostilidades e às partes para que respeitem os direitos humanos e assegurem a proteção dos civis", disse Moussa Faki Mahamat numa declaração.
O chefe da UA manifestou-se preocupado "com a escalada do confronto militar" e encorajou as partes em conflito a dialogarem "para encontrar uma solução pacífica no interesse da Etiópia".
Faki Mahamat reafirmou o "firme compromisso" da União Africana com a ordem constitucional, integridade territorial, unidade e soberania nacionais da Etiópia como forma de "assegurar a estabilidade no país e na região".
A UA, que tem sede em Adis Abeba, capital etíope, "está pronta para ajudar na resolução da crise", assegurou.
O primeiro-ministro da Etiópia e prémio Nobel da Paz 2019, Abiy Ahmed, lançou em 04 de novembro uma operação militar contra as autoridades da região separatista do norte, que tinha anteriormente acusado de atacar duas bases do exército federal, acusação rejeitada pelas autoridades de Tigray.
A força aérea etíope lançou várias rondas de ataques às posições das forças regionais, enquanto do terreno chegam relatos de combates envolvendo artilharia pesada entre tropas federais e forças de segurança de Tigray, a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês).
A rede de internet e as telecomunicações foram cortadas.
Abiy Ahmed disse hoje, através da sua conta na rede social Twitter, que as "operações de aplicação da lei em Tigray estão a decorrer como planeado" e reafirmou que "cessarão assim que a junta criminosa for desarmada, a administração legítima na região for restaurada, e os fugitivos forem detidos e levados à Justiça".
Apontou que todos estes objetivos estão "rapidamente ao alcance".
A Frente Popular de Libertação do Tigray, o partido que dirige a região e dominou o poder na Etiópia durante 30 anos, até Abiy se tornar primeiro-ministro em 2018, tem vindo a desafiar a autoridade do Governo federal durante vários meses.
Os seus líderes afirmam que têm sido injustamente visados por processos anticorrupção, afastados de posições de responsabilidade e culpados por todos os males do país.
Pela sua parte, Abiy acusa a TPLF de procurar minar a sua agenda de reformas.
A tensão entre o Governo federal etíope e as autoridades regionais em Tigray aumentou consideravelmente desde que a TPLF realizou eleições regionais em setembro, votação que Adis Abeba considerou "ilegítima".
A comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia e as Nações Unidas, manifestou preocupação pelo facto de o segundo país mais populoso de África (mais de 100 milhões de pessoas) estar a afundar-se num longo conflito entre o poderoso exército federal e as forças de segurança do Tigray altamente treinadas.
Segundo uma contagem da agência France-Presse (AFP) baseada em testemunhos de fontes médicas e de trabalhadores humanitários, mais de 200 soldados foram feridos e oito mortos no âmbito desta operação.