Segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP), agentes da polícia nacional, saídos de uma viatura blindada, dispararam em direção dos manifestantes que progrediam pacificamente num dos seis principais eixos viários da capital.
As várias centenas de pessoas que participavam na marcha foram, depois, dispersadas com granadas de gás lacrimogéneo lançadas pelas forças de segurança.
"Somos uma ditadura. Imaginem uma população que se manifesta com as mãos no ar para dizer que recusa a situação política e, de repente, os agentes da polícia chegam e disparam sobre a multidão", denunciou um dos manifestantes oposicionista, Félicien Joubert, citado pela AFP.
"Pedimos a [o Presidente eleito dos Estados Unidos] Joe Biden para nos ajudar, dado que [o chefe de Estado cessante, Donald] Trump apoia Jovenel. É altura de as pessoas saberem o que se passa aqui, porque nós, povo haitiano, não podemos viver assim, na miséria, na insegurança e com raptos de pessoas", acrescentou o militante da oposição.
A vários quilómetros de distância, na praça de Champ de Mars, onde se situa o Palácio Presidencial e a sede da polícia nacional, um homem foi morto, desconhecendo-se a origem do incidente.
No entanto, o acontecimento amplificou a ira de outros manifestantes que se encontravam no local.
Antes da intervenção musculada da polícia, os manifestantes responderam ao apelo de mobilização lançado pela oposição polícia a Jovenel, denunciando unanimemente a insegurança que assola o país.
"Não podemos aceitar estar a fazer uma coleta para obter o dinheiro para pagar um resgate. Ninguém está seguro no país. Porque é que o Estado não pode garantir a segurança de todos os haitianos?", questionou Wilber Saint-Fort, outro manifestante.
Enquanto o Haiti regista um aumento da criminalidade e sequestros por resgate, um novo diretor da polícia nacional haitiana foi nomeado pelo executivo na segunda-feira.
Várias organizações de direitos humanos têm denunciado a impunidade de que gozam os líderes de gangues armados, lançando dúvidas sobre a potencial proximidade dos criminosos aos líderes políticos tanto no poder como na oposição.