Aníbal Gaviria apontou a responsabilidade do massacre, que decorreu no fim de semana, às designadas Autodefesas Gaitanistas de Colômbia (AGC), que o Governo designa por Clã do Golfo, surgidas da desmobilização do grupo paramilitar de extrema-direita Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) e implantadas nesta região.
O massacre ocorreu numa quinta de La Julia, em Betania, quando dez homens armados abriram fogo contra um dormitório onde se encontravam 14 camponeses que se dedicavam à colheita de café.
Este massacre segue-se a um outro ataque armado em 03 de novembro que provocou a morte de cinco pessoas numa zona rural do município de Nechi, também em Antioquia.
O ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, viajou no domingo para Betania, condenou o massacre e acusou o "narcotráfico" de responsabilidade pelos assassínios de líderes sociais e camponeses.
Trujillo anunciou ainda uma recompensa de 200 milhões de pesos (46,3 mil euros) por informações destinadas à captura de "Rúben", considerado o chefe do Clã do Golfo que atua nesta região.
Em 2020 foram perpetrados pelo menos 42 massacres na Colômbia, com o assassínio de 48 líderes sociais e defensores dos direitos humanos, incluindo nove de comunidades étnicas e cinco mulheres.
Desde a assinatura do acordo de paz, em 24 de novembro de 2016, entre o Governo colombiano e a guerrilha das FARC que se tornou num partido político, já foram assassinados 243 ex-guerrilheiros e mais de 1.000 ativistas sociais.
De acordo com o analista local Francisco Gutiérrez Sanín, citado pela agência noticiosa Efe, a atual situação arrisca-se a comprometer em definitivo um esperançoso acordo de paz destinado a terminar com mais de meio século de conflito, também devido à atitude intransigente de setores do partido no poder (Centro Democrático, direita).
A contínua vaga de violência na Colômbia, que está a comprometer o processo de paz e a total desmilitarização das forças em presença, e os receios de um agravamento da situação, estão incluídos no último relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a Missão de Verificação da ONU na Colômbia e apresentado no início de outubro perante o Conselho de Segurança.