Pelo menos dez mortos em massacre de camponeses no noroeste da Colômbia

Dois trabalhadores rurais de uma plantação de café morreram hoje num centro médico, elevando para dez os camponeses assassinados num ataque no município de Betania, departamento de Antioquia, informou o governador desta região do noroeste da Colômbia.

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Lusa
23/11/2020 18:44 ‧ 23/11/2020 por Lusa

Mundo

Colômbia

Aníbal Gaviria apontou a responsabilidade do massacre, que decorreu no fim de semana, às designadas Autodefesas Gaitanistas de Colômbia (AGC), que o Governo designa por Clã do Golfo, surgidas da desmobilização do grupo paramilitar de extrema-direita Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) e implantadas nesta região.

O massacre ocorreu numa quinta de La Julia, em Betania, quando dez homens armados abriram fogo contra um dormitório onde se encontravam 14 camponeses que se dedicavam à colheita de café.

Este massacre segue-se a um outro ataque armado em 03 de novembro que provocou a morte de cinco pessoas numa zona rural do município de Nechi, também em Antioquia.

O ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, viajou no domingo para Betania, condenou o massacre e acusou o "narcotráfico" de responsabilidade pelos assassínios de líderes sociais e camponeses.

Trujillo anunciou ainda uma recompensa de 200 milhões de pesos (46,3 mil euros) por informações destinadas à captura de "Rúben", considerado o chefe do Clã do Golfo que atua nesta região.

Em 2020 foram perpetrados pelo menos 42 massacres na Colômbia, com o assassínio de 48 líderes sociais e defensores dos direitos humanos, incluindo nove de comunidades étnicas e cinco mulheres.

Desde a assinatura do acordo de paz, em 24 de novembro de 2016, entre o Governo colombiano e a guerrilha das FARC que se tornou num partido político, já foram assassinados 243 ex-guerrilheiros e mais de 1.000 ativistas sociais.

De acordo com o analista local Francisco Gutiérrez Sanín, citado pela agência noticiosa Efe, a atual situação arrisca-se a comprometer em definitivo um esperançoso acordo de paz destinado a terminar com mais de meio século de conflito, também devido à atitude intransigente de setores do partido no poder (Centro Democrático, direita).

A contínua vaga de violência na Colômbia, que está a comprometer o processo de paz e a total desmilitarização das forças em presença, e os receios de um agravamento da situação, estão incluídos no último relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a Missão de Verificação da ONU na Colômbia e apresentado no início de outubro perante o Conselho de Segurança.

 

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