O relatório registou entre julho e setembro um total de 184 agressões contra 182 defensores dos direitos humanos, e que revela "um panorama contínuo de violência", ao comparar este número com os 183 atos de violência documentados no mesmo período de 2019.
Para além dos 40 homicídios, com a organização a assinalar um total de 135 assassínios nos primeiros nove meses de 2020, também ocorreram no terceiro trimestre 121 ameaças, 17 atentados, cinco desaparecimentos e um processo judicial.
"Em relação aos assassínios, foi registado um aumento significativo de 54%, o que significa mais 14 face aos ocorridos no mesmo período de 2019. Também é preocupante o comportamento dos atentados, com um aumento de 113%", precisou o relatório.
Apesar das ameaças, foi registada uma diminuição de 17%, Somos Defensores considerou que este número contrasta com o aumento das restantes agressões, "o que evidencia que a violência contra as pessoas defensoras dos direitos humanos permanece constante e com uma tendência preocupante de passar da intranquilidade e do medo à ação direta contra a vida".
Entre as 182 pessoas agredidas, 88 foram presumivelmente vítimas de desconhecidos (30%) -- muito provavelmente por grupos paramilitares de extrema-direita com ligação ao narcotráfico --, 20 das dissidências das FARC (11%), 11 da guerrilha do ELN (6%), oito da Força Pública (4%) e um da procuradoria.
As agressões foram registadas em 22 das 33 províncias da Colômbia, cerca de 69% do território nacional, e 48 assinaladas na turbulenta província de Cauca (sudoeste), e que à semelhança de 2019 foi a região com mais casos registados.
A organização também documentou um drástico aumento no departamento de Nariño, que passou de seis para 40 agressões no mesmo período.
"Apesar da gravidade da situação, é preocupante que o Estado não tenha tomado medidas efetivas para controlar a violência e o Governo persiste em negar a sua gravidade, o que poderá implicar que este ano culmine como um dos maiores registos de assassínios", advertiu a organização numa referência à morte dos 40 ativistas, seis deles mulheres.
Os ativistas que pertencem a comunidades indígenas foram os mais atingidos pela violência entre julho e setembro de 2020, sendo vítimas de 37% dos factos registados.
A atual situação originou em outubro uma mobilização nacional de milhares de indígenas, que partiram na sua maioria do sudoeste do país em direção à capital Bogotá para exigir garantias para as suas vidas e pela defesa dos seus direitos no territórios onde vivem.
Após os indígenas, as maiores vítimas de agressões foram defensores de direitos humanos (19%), líderes comunitários (10%) e camponeses (9%), entre outros.