Os serviços de comunicação de Serigne Modou Kara Mbacké, o líder religioso em causa, negaram as acusações da polícia.
As detenções resultaram de operações realizadas entre 26 e 28 de novembro pelas autoridades senegalesas em centros geridos por discípulos de Kara Mbacké, segundo a polícia, que as divulgou através de um comunicado domingo à noite.
Serigne Modou Kara Mbacké é um líder religioso membro dos influentes Irmãos Muçulmanos de Mourides, assim como líder de um partido político, e está por detrás da criação de "centros de recuperação" em todo o Senegal, destinados a jovens em perigo.
As investigações da polícia permitiram desmantelar "uma rede de roubo de scooters, tráfico de canábis e tráfico de seres humanos" nestes centros, segundo o comunicado, citado pela agência France Presse.
Foram libertados mais de 370 residentes em centros de reeducação em vários bairros da capital senegalesa e nos seus subúrbios, a viver "em condições sanitárias deploráveis".
"Sofriam visivelmente de doenças e desnutrição grave, são visíveis estigmas de abusos físicos nos corpos das vítimas, algumas das quais parecem ter perdido o juízo", descreveu a polícia.
"Os testemunhos das vítimas apontam para várias mortes nos últimos dois anos, a última das quais ocorreu há três dias. O ministério público senegalês está a investigar atos de associação criminosa, roubo, tráfico de droga, tráfico de seres humanos e cumplicidade", segundo o comunicado.
Os serviços de comunicação de Serigne Modou Kara Mbacké reagiram hoje através de um comunicado, igualmente citado pela AFP, em que alegam que "a polícia não encontrou drogas em nenhum dos centros de reabilitação", que proporcionam abrigo a "vítimas de drogas, delinquentes juvenis e deficientes mentais".
Devido aos "bons resultados" nestes centros, o número de residentes aumentou, o que causou degradou a qualidade de vida nas instalações, devido à "falta de meios", justificou a comunicação de Serigne Modou Kara Mbacké.
A mesma fonte apelou ainda ao estado senegalês para, em vez de "sancionar" a instituição, apoiar os centros, que "foram bem sucedidos onde as estruturas oficiais não têm soluções, apesar do orçamento de milhões".