"news_bold">"Morreu um grandíssimo intelectual português, um grandíssimo filósofo e professor que merece ser recordado. [...] e lamento muito o seu desaparecimento", disse José Manuel Rodríguez Uribes numa declaração enviada à agência Lusa em Madrid.
O professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, conselheiro de Estado, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço morreu hoje, em Lisboa, aos 97 anos.
O ministro da Cultura de Espanha recordou que o filósofo português foi galardoado com o Prémio Camões e o Prémio Pessoa, "os dois grandes prémios das letras portuguesas".
Sublinhou em seguida que Eduardo Lourenço foi "um grande ensaísta", professor na Universidade de Coimbra que publicou "numerosas obras", tendo dado como exemplos "O Labirinto da Saudade", "Heterodoxia", que considerou ser "a sua primeira grande obra", e "Nós e a Europa".
"Morreu hoje com 97 anos, um dia depois dos 85 anos que se cumpriram sem Fernando Pessoa, a sua grande referência, sobre o qual trabalhou e publicou", disse o responsável governamental que também é um filósofo de direito espanhol e membro da comissão executiva do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
Rodríguez Uribes fez ainda uma referência à passagem de Eduardo Lourenço, como professor, por várias universidades prestigiadas europeias, como a de Montpellier (França), Hamburgo e Heidelberg (Alemanha).
Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda, e morreu hoje, em Lisboa, aos 97 anos.
Prémio Camões e Prémio Pessoa, recebeu também o Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon, o Prémio da Academia Francesa, e foi agraciado com as Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada da Ordem do Infante D. Henrique e da Ordem da Liberdade.
Foi ainda nomeado Oficial da Legião de Honra da França e consagrado doutor 'Honoris Causa' pelas universidades do Rio de Janeiro, de Coimbra, Nova de Lisboa e de Bolonha.
Autor de mais de 40 títulos, que testemunham "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares, tem em "Os Militares e o Poder", "Labirinto da Saudade", "Fernando, Rei da Nossa Baviera" e "Tempo e Poesia" algumas das suas principais obras.