Um confinamento parcial de duas semanas na capital de Teerão e outras grandes cidades ajudou a abrandar, mas não a deter a onda crescente de mortes causadas pelo novo coronavírus nas últimas semanas.
O Presidente, Hassan Rouhani, avisou hoje que o confinamento poderá ser estendido a mais cidades ou reintroduzido na capital, caso as pessoas não obedeçam às medidas de saúde.
Teerão está no limiar de entrar na zona vermelha", disse Hassan Rouhani.
"Todas as pessoas e funcionários públicos devem tentar adotar as medidas e os regulamentos", acrescentou.
A porta-voz do Ministério da Saúde, Sima Sadat Lari, revelou hoje que o número de mortos em todo o país no dia anterior foi de 321.
Antes do último confinamento, o número de mortes diárias chegou aos 486.
Sima Sadat Lari disse que as autoridades de saúde detetaram mais de 12.150 novos casos, que elevaram o total de casos confirmados para mais de 1.028.980.
Estes números representam uma diminuição significativa no número diário de casos confirmados desde o confinamento.
Hassan Rouhani prometeu também aumentar o número de testes à covid-19 a nível nacional, para mais de 100 mil por dia. O Irão quase duplicou a sua capacidade diária de testes para 40.000 nas últimas semanas.
Os centros comerciais e as mesquitas reabriram hoje em Teerão, mas o recolher obrigatório às 21:00 para as empresas e a utilização de carros particulares continuará em vigor na capital e nas grandes cidades.
Medidas de confinamento mais amplas mantêm-se em vigor em 64 outras cidades do país.
Nessas cidades é proibido o uso de carro particular entre as 21:00 e as 04:00, e as viagens entre as cidades confinadas também foram interrompidas.
Em novembro, as autoridades ordenaram um recolher obrigatório noturno de um mês em Teerão e 30 outras grandes cidades e vilas, pedindo às lojas não essenciais que mantivessem os seus trabalhadores em casa, enquanto fábricas e grandes indústrias como o petróleo e o gás permaneceram abertas.
Ali Reza Zali, responsável pela coordenação das medidas de combate à pandemia na capital, disse que esperava que o confinamento, embora terminado, levasse a uma queda contínua das mortes por vírus durante as próximas semanas.
Um porta-voz do Ministério da Saúde, Kianoush Jahanpour, disse que o Irão está a trabalhar em três vacinas para a doença, incluindo uma que se baseia em amostras de vírus inativados, enquanto as outras duas se baseiam no mesmo método utilizado para as vacinas da Pfizer e da Moderna.
O mesmo responsável afirmou, sem adiantar mais pormenores, que as vacinas chegarão em breve à fase de testes em humanos.
O governo do Irão disse também na semana passada que planeia comprar mais de 20 milhões de doses de vacinas a outros países.
O governo resistiu a recorrer ao confinamento total para combater a pandemia, uma vez que a economia do país já se encontrava fortemente abalada por sanções sem precedentes dos Estados Unidos da América, que impedem efetivamente o Irão de vender o seu petróleo internacionalmente.
A administração Trump reinstituiu sanções em 2018, após ter-se retirado do acordo nuclear de Teerão com as potências mundiais.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.519.213 mortos resultantes de mais de 65,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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