"Todos assistimos ao que se passa nas ruas, bairros e serviços e parece que os cidadãos guineenses continuam a não acreditar na doença", afirmou Tumane Balde, coordenador-adjunto do Alto-Comissariado para a Covid-19.
Tumane Balde falava aos jornalistas por ocasião de um balanço de seis meses de combate à covid-19 na Guiné-Bissau.
O médico guineense referia-se ao não cumprimento por grande parte da população guineense das medidas preventivas da covid-19, incluindo a utilização obrigatória de máscara, distanciamento físico e desinfeção das mãos.
"O vírus existe, está em nós, estamos a passá-lo de cidadão para cidadão e não temos garantia de que não possa acontecer uma segunda vaga mais violenta que a primeira", salientou.
As autoridades guineenses decidiram decretar o estado de alerta, tendo em conta a evolução favorável do país, que regista menos contágios.
A Guiné-Bissau esteve em estado de emergência entre março e setembro, tendo depois as autoridades declarado a situação de calamidade e de emergência na saúde até 08 de dezembro.
Segundo os dados do Alto-Comissariado para a Covid-19, o país registou desde o início da pandemia 2.444 casos positivos.
Na semana entre 30 de novembro e 06 de dezembro, foram registados três novos casos.
O número de vítimas mortais provocadas pela covid-19 é de 44, enquanto o número de recuperados situa-se nos 2.337.
"O estado de alerta sanitário não significa que a covid-19 acabou, mas serve para descongestionar alguns aspetos da pressão que tínhamos sobre empresas e cidadãos, para reestruturar e restaurar o processo socioeconómico e não sufocar a economia", afirmou o médico guineense.
No mesmo sentido, a alta-comissária para a covid-19, Magda Nery Robalo, sublinhou que é preciso continuar a ter a pandemia controlada, para que as pessoas possam circular, as escolas estejam abertas, os aeroportos e o comércio a funcionar e para que se possa ter uma vida normal.
"Existem dados do Banco Mundial que estimam que a Guiné-Bissau vai ter mais 60.000 pobres como consequência da pandemia do covid-19, quando inicialmente estava previsto que 10.000 pessoas seriam retiradas do universo da pobreza", afirmou.
Segundo Magda Nery Robalo, 60.000 mais pobres na Guiné-Bissau é "um número muito importante, por isso, é preciso continuar a dar a maior importância ao combate à pandemia".
No plano epidemiológico, o médico Plácido Cardoso, secretário-geral do alto-comissariado, disse que os Bijagós e a região de Bafatá vão receber "especial atenção" nos próximos tempos.
Ainda não há registo de qualquer caso de covid-19 no arquipélago dos Bijagós, mas o alto-comissariado vai fazer mais missões de acompanhamento e aumentar a testagem, bem como colocar um aparelho de testes no terreno.
No total, os parceiros internacionais da Guiné-Bissau doaram cerca de 38,6 milhões de dólares para apoio ao combate da pandemia do novo coronavírus, mas uma parte daquele financiamento ainda não foi executado.
Para 2021, a Guiné-Bissau já tem promessas de apoio de cerca de 15 milhões de dólares (12,3 milhões de euros).