"Os meios multilíngues controlados pelo Estado russo troçam abertamente daqueles que desenvolvem as vacinas ocidentais", afirmou Josep Borrell em mensagem no seu 'blogue', acrescentando que essas "narrativas são aparentemente dirigidas a países onde a Rússia quer vender a sua própria vacina, a Sputnik V".
O chefe da diplomacia europeia enfatizou que "qualquer tentativa de instigar tais dúvidas infundadas ameaça a saúde pública" e advertiu que "organizações terroristas como o Daesh (o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico) também usaram a confusão da situação da covid-19 para espalhar a sua própria propaganda".
"Durante a 'infodemia' de covid-19, temos visto quão generalizadas e o quão danosas as ingerências estrangeiras e a desinformação podem ser para a nossa segurança, democracia e sociedades", precisou Borrell.
No seu 'blogue', o chefe da diplomacia europeia destacou que a desinformação "não é um desafio novo" e alertou que "alguns atores estatais, como a Rússia e a China, participam ativamente nessas atividades" para "minar e deslegitimar os sistemas democráticos e valores de liberdade, pluralismo e sobre os controles e equilíbrios em que se baseiam".
O Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) tem equipas de trabalho para fazer seguimento da desinformação a favor do Kremlin e publicou a quinta edição do seu Relatório Especial sobre desinformação da covid-19 que, segundo Borrell sublinhou no seu 'blogue', "pode causar danos consideráveis durante uma crise de saúde global".
Ainda hoje, o diretor do Centro Gamaleya da Rússia, Alexandr Guintsburg, previu que uma vacina criada a partir da Sputnik V e da britânica AstraZeneca poderá proporcionar dois anos de imunidade contra a covid-19.
"Como resultado do uso de uma vacina híbrida de dois componentes, as células de memória vão formar-se muito melhor e a vacina obviamente vai proteger a pessoa vacinada não por três ou quatro meses, mas por pelo menos dois anos, embora precise de algum trabalho adicional para provar isso experimentalmente", afirmou Guintsbrug à televisão pública.
Borrell destacou também o trabalho da UE contra a desinformação através de ferramentas como o Sistema de Alerta Rápido ou o Plano de Ação para a Democracia Europeia da Comissão Europeia, apresentado no início de dezembro, que "se entra na integridade das eleições, o pluralismo dos meios e a luta contra a desinformação".
Ao mesmo tempo, expressou a confiança de que "as regras e respostas" da UE, como a Lei de Serviços Digitais e a Lei dos Mercados Digitais, apresentadas em 15 de dezembro pelo Executivo Comunitário, vão "proporcionar os instrumentos necessários para uma melhor responsabilidade, transparência e controlo das ações das plataformas" na luta contra a desinformação e a ingerência estrangeira.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.765.049 mortos resultantes de mais de 80,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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