Bolsonaro diz que vacina CoronaVac "é do Brasil, não de um governador"

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse hoje que a CoronaVac, imunizante contra a covid-19 cujo uso emergencial foi aprovado no domingo pelas autoridades sanitárias do país é uma vacina "do Brasil, não é de nenhum governador".

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Lusa
18/01/2021 16:35 ‧ 18/01/2021 por Lusa

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"Pessoal, uma notícia. Apesar da vacina (...) Apesar não, né? A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] aprovou, não tem o que discutir mais. Agora, havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também, que era para ter chegado a vacina aqui", disse Bolsonaro para apoiantes, em Brasília.

"Então está liberada a aplicação no Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador não, é do Brasil", acrescentou.

O chefe de Estado reforçou desta forma uma disputa política interna contra o atual governador do estado de São Paulo, João Doria, responsável pelo contrato inicial com o laboratório Sinovac, que desenvolveu a CoronaVac e testou no país numa parceria com o Instituto Butantan.

O Butantan comprou a patente do medicamento e deverá fornecer 100 milhões de doses desta vacina ao Governo brasileiro em 2021.

Bolsonaro chegou a declarar publicamente que não compraria a "vacina chinesa do Doria", mas teve de voltar atrás porque mais de 50 países começaram campanhas de imunização contra a covid-19 à frente do Brasil, ao mesmo tempo em que a pandemia voltou a provocar um número alto de mortes no país, lançando o caos no sistema de saúde de Manaus, capital do estado do Amazonas.

O maior país da América do Sul não tinha aprovado nenhum imunizante contra o novo coronavírus até domingo, quando a Anvisa autorizou o uso emergencial da CornaVac e da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford.

Como o Brasil possui cerca de seis milhões de doses da CoronaVac e material para fabricar outros quatro milhões de doses do mesmo imunizante, começou a campanha de imunização com a vacina chinesa que havia sido colocada em causa pelo próprio Presidente.

O Brasil também comprou 100 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford e a patente para produzir mais 110 milhões de doses do mesmo medicamento este ano, porém, ainda não recebeu os insumos para produzir o imunizante, que será fabricado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Além de Bolsonaro, o vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, também comentou o início da vacinação no país que tem o desafio de imunizar grande parte dos seus 210 milhões de habitantes.

"Tem vacina contratada para vacinar 70% da população brasileira e consequentemente a gente chegaria numa situação, ao fim deste ano, com liberdade de manobra em relação a esta pandemia", disse Mourão referindo-se à compra de 100 milhões de doses da CoronaVac, 210 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca e cerca de 40 milhões de doses que virão de um consórcio com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Faço minha as palavras do almirante Barra Torres [presidente da Anvisa] ontem, quando ele disse que não é porque a pessoa tomou uma vacina hoje que amanhã pode estar na rua sem as medidas de proteção. O próprio ministro [da Saúde brasileiro, Eduardo] Pazuello falou isso na semana passada", acrescentou Mourão.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (209.847, em mais de 8,4 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.031.048 mortos resultantes de mais de 94,9 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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