Como Donald Trump se recusou a participar na cerimónia de tomada de posse do seu sucessor, facto sem precedentes nos últimos 150 anos, a transferência dos códigos na tribuna onde decorre a tomada de posse, exigiu este ano dois exemplares da mala contendo todos os elementos necessários para um ataque nuclear, e que acompanha o Presidente norte-americano em todas as circunstâncias.
Hoje de manhã, quando se deslocava para a base militar de Andrews, próximo de Washington, para seguir para a sua residência em Mar-a-Lago, na Florida, Trump ainda era Presidente dos Estados Unidos e, nesse sentido, contava com apoio militar para o transporte da famosa mala.
Trump ainda tinha em seu poderopequeno cartão de plástico que contém os códigos nucleares, conhecido por"biscoito".
Mas, na mesma altura, em Washington, outro grupo de apoio militar, portador de uma outra mala e de um outro "biscoito", tomou o seu lugar na tribuna erigida nas escadarias do Capitólio para a tomada de posse de Biden.
E, exatamente às 12:00 locais (17:00 em Lisboa), quando a ajuda militar do presidente cessante deua mala à segurança do novo chefe de Estado, o "biscoito" de Trump foi simplesmente desativado, como um cartão de crédito vencido.
Paralelamente, foi atribuído um novo "biscoito" a Biden, ativado em Washington, dando oficialmente ao 46.º Presidente dos Estados Unidos o poder absoluto sobre o uso das armas nucleares norte-americanas.
A troca, porém, não representou qualquer problema logístico, porque o Governo norte-americano tem três malas: uma que segue sempre com o Presidente, outra no gabinete do vice-Presidente, para o caso de algo acontecer ao chefe de Estado, e outra ainda de reserva.
No rescaldo do ataque liderado por apoiantes de Trump ao Capitólio, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, expressou a sua inquietação por um "Presidente instável" estar na posse de um direito exclusivo de ordenar um ataque nuclear.
Um antigo secretário da Defesa, William Perry, apelou a Biden para quese livre da mala, considerando que o sistema atual é "antidemocrático, desatualizado, desnecessário e extremamente perigoso".
Leia Também: AO MINUTO: Biden e antigos presidentes prestam homenagem em Arlington