África do Sul compra vacina da AstraZeneca mais cara do que na Europa

O Governo sul-africano vai pagar mais do que os países europeus pelas primeiras vacinas contra a covid-19 desenvolvidas pela AstraZeneca na Índia, noticiou a imprensa sul-africana.

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Lusa
21/01/2021 19:36 ‧ 21/01/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

De acordo com o diretor-geral adjunto do Ministério da Saúde, Anban Pillay, citado pelo jornal sul-africano Business Day, a África do Sul irá pagar 5,25 dólares (4,32 euros) por cada dose da vacina da covid-19 da AstraZeneca produzida pelo Instituto Serum da Índia (SII, na sigla em inglês).

"Fomos informados que o SII aplicou um sistema gradual de preços segundo o qual, como a África do Sul é um país de rendimento médio e alto, o preço é 5,25 dólares", declarou Anban Pillay ao diário sul-africano.

"A explicação que nos foi dada sobre o porquê de outros países de alto rendimento usufruírem de um preço menor, é que investiram em pesquisa e desenvolvimento, daí o desconto no preço", adiantou.

Em 07 de janeiro, o ministro da Saúde da África do Sul, Zeweli Mkhize, anunciou que o país mais afetado pelo novo coronavírus no continente vai receber 1,5 milhões de vacinas da AstraZeneca produzidas pelo Instituto Serum da Índia.

"Na nossa apresentação [ao parlamento], também afirmámos que, como país, estimamos que 1,25 milhões de profissionais de saúde públicos e privados sejam priorizados. É por isso que hoje anunciamos que a África do Sul receberá um milhão de doses em janeiro e 500.000 doses em fevereiro do SII", disse o ministro da saúde sul-africano.

Alguns países europeus como a Itália, Alemanha, Holanda e França negociaram, em junho, a compra de 300 milhões de doses à AstraZeneca por cerca de 2,50 dólares (2,05 euros) por injeção, como parte de um acordo europeu para o fornecimento daquela vacina, sublinha o jornal que se edita em Joanesburgo.

Todavia, a agência noticiosa France-Presse noticiou que os países da União Europeia (UE) vão pagar pelas vacinas desenvolvidas pelo mesmo laboratório apenas 1,78 euros.

O Instituto Serum da Índia é uma das várias entidades licenciadas pela AstraZeneca para produzir a sua vacina contra a covid-19.

O jornal sul-africano indica ainda que o SII, que se escusou a comentar o negócio, também deverá fornecer 100 milhões de doses da mesma vacina à União Africana (UA) ao preço individual de 3 dólares (2,46 euros).

Na quarta-feira, a ministra das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor, anunciou que a África do Sul assegurou pelo menos 50 milhões de vacinas para três meses de vacinação, entre abril e junho, no continente africano.

"Na qualidade de presidente da UA, o Presidente [Cyril] Ramaphosa relatou, em 13 de janeiro de 2021, numa reunião especial da Assembleia da UA, que garantiu 270 milhões de doses provisórias de vacinas para os países africanos, com pelo menos 50 milhões disponíveis para o período crucial de abril a junho de 2021", referiu a ministra sul-africana.

O Governo sul-africano anunciou em dezembro o acesso à iniciativa Covax da Organização Mundial de Saúde (OMS), para acesso equitativo às vacinas da covid-19, através de um pagamento de 19,2 milhões de dólares (15,7 milhões de euros).

A África do Sul, que contabiliza mais de 1,3 milhões de infeções de covid-19 e 170.160 casos ativos da doença, terá de vacinar pelo menos 41,3 milhões de pessoas de uma população de cerca de 60 milhões de habitantes para quebrar o contágio do novo coronavírus, indicou o ministro Zweli Mkhize.

Desde agosto, o número de novos casos cresceu rapidamente no país devido a uma segunda vaga de contágio impulsionada pela variante do SARS-CoV-2 detetada na Cidade do Cabo, que se espalha 50% mais rápido, e em que os anticorpos naturais são menos eficazes, segundo cientistas sul-africanos, que acrescentam que esta não provoca doenças mais graves.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.075.698 mortos resultantes de mais de 96,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Leia Também: Covid-19: Quatro países europeus pedem aprovação da vacina da AstraZeneca

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