Exploração do Mediterrâneo oriental: Turquia e Grécia retomam negociações

A Turquia e a Grécia retomaram hoje, em Istambul, as negociações para resolver a sua disputa sobre a exploração de hidrocarbonetos no Mediterrâneo oriental, após uma grave crise entre os dois países membros da NATO.

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Lusa
25/01/2021 09:55 ‧ 25/01/2021 por Lusa

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NATO

 

Uma delegação de diplomatas gregos foi recebida no final da manhã pelo número dois do Ministério turco dos Negócios Estrangeiros, Sedat Onal, no Palácio Dolmabahçe, para retomar as negociações sobre o Mediterrâneo Oriental, interrompidas desde 2016 devido ao aumento das tensões.

A proliferação de missões turcas de exploração de gás em águas gregas nos últimos meses mergulhou Ancara e Atenas na maior crise diplomática desde 1996, quando os dois países estiveram próximos da guerra.

As conversações que agora recomeçam fazem parte de uma estratégia do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que quer acalmar as tensas relações com a União Europeia, depois de Bruxelas ter começado, no mês passado, a sancionar Ancara.

No entanto, e apesar de Atenas ter expressado, nos últimos dias, o seu "otimismo e esperança" e Ancara ter saudado a "atmosfera positiva", nenhum grande progresso é esperado no âmbito destas negociações.

Os dois países não conseguiram sequer chegar a um acordo sobre a lista de assuntos a serem discutidos, um sinal de que as discussões na orla do Bósforo correm o risco de se transformar num diálogo de surdos.

Para Atenas, é essencial discutir a delimitação da plataforma continental das suas ilhas no Mar Egeu, enquanto Ancara quer aumentar as suas zonas económicas exclusivas e o espaço aéreo dos dois países.

Além disso, o chefe da diplomacia turca, Mevlut Cavusoglu, denunciou na sexta-feira as "provocações" de Atenas que evocam a duplicação da extensão de suas águas territoriais no Egeu, um assunto explosivo que Ancara descreve como "casus belli" (motivo de guerra).

Por seu lado, o seu homólogo grego, Nikos Dendias, relativizou, no sábado, a importância destes contactos, insistindo que se trata de negociações "não oficiais".

Apesar destas divergências, a UE saudou o regresso ao diálogo dos dois países, vendo-o como um "sinal positivo" para as relações entre Ancara e Bruxelas, após meses de tensão.

Em dezembro, os líderes da UE, numa cimeira em Bruxelas, decidiram punir as ações "ilegais e agressivas" da Turquia no Mediterrâneo contra a Grécia e o Chipre.

A cimeira da UE adotou sanções individuais que deveriam ter como alvo os responsáveis turcos implicados nas atividades de exploração no Mediterrâneo oriental.

A crise entre Atenas e Ancara intensificou-se com a implantação, em agosto, pela Turquia, do navio de pesquisa sísmica Oruç Reis em áreas disputadas pelos dois países, nomeadamente perto da ilha grega de Kastellorizo.

A Grécia, que deve concluir hoje a compra a França de 18 caças Rafale para fortalecer a sua defesa face ao aumento das tensões com a Turquia, acusou Ancara de violar as suas fronteiras marítimas.

A Turquia, por seu lado, acredita que a existência deste ilhéu não pode justificar a sua exclusão de grande parte do Mediterrâneo oriental, rico em campos de gás.

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