A maioria dos protestos "ocorreram durante o estado de alarme" da pandemia da covid-19, que proíbe a concentração de pessoas e o número de protestos de 2020 representa uma redução de 42% com relação a 2019.
"O cerne dos protestos foi a reivindicação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais", explica o relatório sobre Conflituosidade Social Venezuela 2020.
O documento precisa que 8.193 protestos foram para exigir "melhoria dos serviços básicos, reivindicações laborais, acesso à saúde, alimentação e contra a crise [provocada pela falta] da gasolina" no país.
"81% dos protestos documentados em 2020 ocorreram durante a vigência do decreto de estado de alarme da covid-19", explica, precisando que "7.789 ações [protestos] de rua tiveram lugar entre 13 de março e 31 de dezembro de 2020".
Segundo o diretor do OVCS, Marco António Ponce, ""nem a repressão do regime de Nicolás Maduro nem a covid-19 impediram a sociedade civil de exigir os seus direitos. Vizinhos, trabalhadores, sindicatos e grémios demonstraram que existe um país que quer viver com dignidade e em democracia".
Por outro lado, segundo o OVCS, a "crise da [escassez de] gasolina gerou protestos" principalmente nas regiões do leste do país, nos Estados de Sucre (923 protestos), Anzoátegui (829), seguindo-se os estados 'andinos' de Mérida (774) e Táchira (684). No sul do país, destaca-se o estado de Bolívar (633).
O relatório precisa que nos últimos dez anos ocorreram 86.159 manifestações na Venezuela e que "2020 se destaca entre os cinco anos com mais protestos na última década".
"Desde 2011, o OVCS documentou 86.159 manifestações de cidadãos em todo o país, o equivalente a uma média anual de 8.616 protestos. As principais motivações estão relacionadas com a exigência de condições que permitam viver com dignidade, a condena a políticas públicas ineficientes e repúdio à violação sistemática de direitos humanos", explica.
Segundo o OVCS "2021 será um ano de grandes desafios para os venezuelanos, onde a maioria dos que desejam viver em democracia se verão indiscutivelmente obrigados a construir pontes e a se unirem para promover e consolidar um câmbio".
"A sociedade civil terá um papel preponderante na assistência à população, especialmente aos mais vulneráveis, na luta contra a impunidade e na recuperação das liberdades fundamentais", sublinha.
O relatório conclui afirmando que OVCS continuara "no terreno, monitorando e documentando a situação no país a partir de uma perspetiva dos Direitos Humanos".
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