Venezuela. Observatório de conflitos registou 9.633 protestos em 2020

Na Venezuela registaram 9.633 protestos no ano de 2020, em média 26 por dia, segundo dados divulgados hoje pelo Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVCS).

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Lusa
26/01/2021 22:58 ‧ 26/01/2021 por Lusa

Mundo

Venezuela

A maioria dos protestos "ocorreram durante o estado de alarme" da pandemia da covid-19, que proíbe a concentração de pessoas e o número de protestos de 2020 representa uma redução de 42% com relação a 2019.

"O cerne dos protestos foi a reivindicação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais", explica o relatório sobre Conflituosidade Social Venezuela 2020.

O documento precisa que 8.193 protestos foram para exigir "melhoria dos serviços básicos, reivindicações laborais, acesso à saúde, alimentação e contra a crise [provocada pela falta] da gasolina" no país.

"81% dos protestos documentados em 2020 ocorreram durante a vigência do decreto de estado de alarme da covid-19", explica, precisando que "7.789 ações [protestos] de rua tiveram lugar entre 13 de março e 31 de dezembro de 2020".

Segundo o diretor do OVCS, Marco António Ponce, ""nem a repressão do regime de Nicolás Maduro nem a covid-19 impediram a sociedade civil de exigir os seus direitos. Vizinhos, trabalhadores, sindicatos e grémios demonstraram que existe um país que quer viver com dignidade e em democracia".

Por outro lado, segundo o OVCS, a "crise da [escassez de] gasolina gerou protestos" principalmente nas regiões do leste do país, nos Estados de Sucre (923 protestos), Anzoátegui (829), seguindo-se os estados 'andinos' de Mérida (774) e Táchira (684). No sul do país, destaca-se o estado de Bolívar (633).

O relatório precisa que nos últimos dez anos ocorreram 86.159 manifestações na Venezuela e que "2020 se destaca entre os cinco anos com mais protestos na última década".

"Desde 2011, o OVCS documentou 86.159 manifestações de cidadãos em todo o país, o equivalente a uma média anual de 8.616 protestos. As principais motivações estão relacionadas com a exigência de condições que permitam viver com dignidade, a condena a políticas públicas ineficientes e repúdio à violação sistemática de direitos humanos", explica.

Segundo o OVCS "2021 será um ano de grandes desafios para os venezuelanos, onde a maioria dos que desejam viver em democracia se verão indiscutivelmente obrigados a construir pontes e a se unirem para promover e consolidar um câmbio".

"A sociedade civil terá um papel preponderante na assistência à população, especialmente aos mais vulneráveis, na luta contra a impunidade e na recuperação das liberdades fundamentais", sublinha.

O relatório conclui afirmando que OVCS continuara "no terreno, monitorando e documentando a situação no país a partir de uma perspetiva dos Direitos Humanos".

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