Vírus estava em vários locais de Wuhan, pode ter circulado semanas antes

A missão de especialistas da OMS que chegou a Wuhan a 14 de janeiro para determinar a origem do vírus fez esta terça-feira uma conferência de imprensa a partir de um hotel, na cidade onde surgiram os primeiros casos de SARS-CoV-2.

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© REUTERS/Aly Song

Anabela Sousa Dantas
09/02/2021 10:25 ‧ 09/02/2021 por Anabela Sousa Dantas

Mundo

OMS

Peter Ben Embarek, especialista em segurança alimentar e zoonoses, responsável pela missão da OMS, começou a sua intervenção de forma muito clara, indicando que as primeiras conclusões do grupo de trabalho não vão alterar aquilo que já se conhece. "Mudou dramaticamente a história que sabíamos à partida? Não. Melhorou o nosso conhecimento, acrescentou detalhes a essa história? Absolutamente".

A equipa de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que se encontra em Wuhan, na China, para tentar descobrir a origem da pandemia de Covid-19 deu esta terça-feira uma conferência de imprensa.

Liang Wannian, responsável pela equipa de especialistas na Covid-19 da Comissão de Saúde da China, foi quem apresentou as principais conclusões indicando que pode ter existido circulação não reportada do novo coronavírus em outras regiões, algumas semanas antes de Wuhan. O especialista indica que a revisão da investigação aos dados sugere que as primeiras indicações de circulação do vírus em estudos não publicados precedem a detecção inicial de casos em várias semanas.

Porém, explicou que não há indicação de propagação do SARS-CoV-2 na população antes de dezembro de 2019 e não há evidências suficientes para determinar se o vírus esteve em Wuhan antes dessa data. "Nos dois meses anteriores a dezembro não há evidências de que o [vírus] estivesse a circular na cidade".

O mercado de Huanan, em Wuhan, foi uma das localizações onde o vírus surgiu, a transmissão estava também a ocorrer em outros locais de Wuhan, na mesma altura. Ainda não é possível, com as evidências atuais, determinar como o SARS-CoV-2 foi introduzido no mercado de Huanan. O especialista indicou que a recolha de provas em cavernas com morcegos em Wuhan e noutros locais, com outros animais, não resultou na identificação do vírus que causa a Covid-19.

O responsável pela missão da OMS, Peter BenEmbarek, acrescentou, sobre este ponto, que todo o trabalho que diz respeito à identificação da origem da Covid-19 continua a apontar para uma reserva natural de morcegos, mas que é improvável que seja em Wuhan. Não foi, ainda, possível localizar a espécie hospedeira intermediária do coronavírus (transmissão para o ser humano a partir de um animal). A pesquisa sobre a introdução do vírus "é um trabalho em progresso", disse Embarek.

O especialista em segurança alimentar e zoonoses indicou que foram investigadas todas as hipóteses, incluindo a hipótese de um acidente num laboratório, conforme foi avançado. "Foram equacionados argumentos contra e a favor", disse, até para "poder levar a investigação numa direção útil", acrescentando que a "hipótese de acidente em laboratório é extremamente improvável".

Embarek indicou que há várias hipóteses ainda em cima da mesa, incluindo a circulação de comida congelada, sendo que "uma espécie hospedeira intermediária é a mais provável" e a que requer mais investigação.

Recorde-se que entre os lugares investigados pela equipa está o Instituto de Virologia de Wuhan, que os norte-americanos acusaram de ser a fonte da propagação do vírus, mas também o mercado de animais de Huanan, onde os primeiros casos foram relatados.

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