Governador Cuomo de Nova Iorque recusa ter escondido dados de mortes nos lares

Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, recusou que a sua Administração tenha escondido dados sobre as mortes nos lares de idosos do Estado por covid-19, acusação que está a motivar pedidos da sua demissão.  

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Lusa
16/02/2021 06:25 ‧ 16/02/2021 por Lusa

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Covid-19

Depois de uma das principais assessoras do governado estadual, Melissa DeRosa, ter admitido que alguns dados sobre as mortes de idosos em lares não tinham sido partilhados com os legisladores estaduais por receio de que pudessem ser usados pela Administração Trump contra Cuomo, hoje o governador democrata defendeu-se dizendo que, no período em causa, a sua equipa estava assoberbada.

"Não estávamos propriamente no sul de França", ironizou Cuomo numa videoconferência na segunda-feira em Nova Iorque, em que reconheceu que a informação sobre a situação da pandemia entre os idosos deveria ter sido disponibilizada de forma mais completa e rápida.

Perante legisladores estaduais democratas, DeRosa admitiu que os dados que eram pedidos desde agosto não foram entregues por receio de que "fossem usados contra" Cuomo, que no início da pandemia se assumiu como um dos maiores críticos do ex-presidente Donald Trump.

Um relatório do final de janeiro da procuradora-geral do Estado, a democrata Letitia James, apontou erros na contabilização de vítimas nos lares de idosos estaduais.

Em vez de 8.500 residentes de lares vítimas mortais de covid-19 inicialmente reportadas, o número real estará próximo das 15 mil, admite agora o Governo estadual, que atribui a diferença a uma "recategorização" - inicialmente, eram contadas apenas as vítimas mortais em lares e não as mortes que ocorriam já em hospital.

Depois de o Departamento de Saúde ter sido legalmente intimado pela AP para divulgar outros dados, apurou-se que mais de 9.000 recuperados de infeções por coronavírus foram, no início da pandemia, enviados de hospitais de volta para os lares, 40%mais do que o Estado havia inicialmente informado.

Inicialmente, o governador havia recusado que esta política tivesse levado a um aumento de incidência de casos em lares, argumentando que os recuperados já não poderiam transmitir a doença e que os lares já tinham casos anteriores, mas a partir de maio deixou de usar tais argumentos, perante a falta de certezas científicas.

A nova congressista republicana eleita pelo Estado de Nova Iorque, Claudia Tenney, tem sido uma das vozes mais críticas da gestão da crise por Andrew Cuomo, pedindo uma investigação à mesma pelo Departamento de Justiça.

A nível estadual, os legisladores republicanos têm também vindo a apelar a investigações judiciais a Cuomo e o líder da minoria republicana na Câmara estadual, Will Barclay, defende que o governador deve imediatamente ficar sem os seus poderes de gestão de emergência, que irão expirar em abril.

O presidente do Centro para a Assistência de Vida do Estado de Nova Iorque, Stephen Hanse, defendeu que o governo estadual errou ao focar-se nos hospitais numa fase inicial da crise, deixando os lares "atrapalhados para salvaguardar os seus residentes e pessoal".

"Os políticos e legisladores têm de parar com a culpabilização mútua" em relação aos lares, disse Hanse.

As críticas estendem-se também à Coligação da Comunidade de Cuidados Continuados (LTCCC, na sigla em inglês), cujo representante Richard Mollot considerou insuficiente o apoio prestado aos lares.

Apesar de reconhecer que o Governo estadual "deveria ter feito um trabalho melhor na disponibilização de informação o mais rápido possível" e de assumir responsabilidade por tal, Cuomo atribuiu na videoconferência muitas das queixas à sua administração a "um ambiente político tóxico" e "desinformação".

Leia Também: Covid-19: Estados Unidos com 981 mortos e 51.823 casos nas últimas 24 horas

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