França, UE e G5 Sahel reafirmam luta contra terrorismo no Sahel
A França, a União Europeia (UE) e o grupo G5 Sahel (Níger, Mauritânia, Burkina Faso, Mali e Chade) reafirmaram hoje o compromisso conjunto de continuar a luta contra o terrorismo no Sahel.
© Lusa
Mundo Sahel
"Se o Sahel cair nas mãos do terrorismo, a África cairá gradualmente nas mãos do terrorismo islâmico", advertiu o Presidente francês, Emmanuel Macron, no seu discurso na sétima cimeira ordinária dos chefes de Estado do G5 Sahel, que começou na segunda-feira e terminou hoje na capital do Chade, Ndjamena.
"E a Europa também viverá as consequências desta tragédia, muito claramente. (...) É nosso dever apoiar os Estados soberanos que solicitem" apoio, salientou o líder francês, que apelou à "intensificação da ação" para "acabar com as organizações terroristas" na região.
Porém, Macron sublinhou que esta estratégia "não é só militar", porque é necessário dar "um segundo salto" com "o regresso da segurança e dos serviços à população".
Os presidentes do G5 apoiaram esta ideia, ao reconhecerem, num comunicado conjunto, que "para além do esforço militar está o envolvimento do Estado, das administrações e dos serviços às populações, bem como a consolidação do Estado de direito".
As estratégias para estabilizar o Sahel têm-se concentrado principalmente em missões militares.
Em 2013, a operação militar francesa Serval, no Mali, permitiu bloquear o avanço dos jihadistas, mas a sua continuidade, sob o nome de Barkhane e com alcance no Sahel Ocidental - juntamente com a missão da ONU (MINUSMA) e as tropas do G5 Sahel - não impediu a expansão do terrorismo neste país, nem no sudoeste do Níger e no norte e leste do Burkina Faso.
Os líderes do Sahel apreciaram o apoio da França, que enviou cerca de 5.100 soldados para a região e permitiu que "graves reveses fossem infligidos a grupos terroristas armados na zona das três fronteiras" entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso, mas observaram que "a ameaça persiste" e que "as mulheres, as raparigas e os grupos vulneráveis continuam frequentemente a ser os mais afetados".
"Esta ameaça", disseram, "requer vigilância e perseverança, até que o flagelo do terrorismo seja completamente erradicado nesta região", onde a coligação jihadista Sahel Support Group for Islam and Muslims (GSIM), o Estado Islâmico no Grande Saara (EIGS) e a Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM), entre outros, estão ativos.
A este respeito, o Presidente do Chade, Idriss Déby, que substituiu o seu colega mauritano, Mohamed uld Ghazouani, como atual presidente do G5 nesta cimeira, anunciou o destacamento de 1.200 soldados chadianos para a zona das três fronteiras, algo que prometeu no ano passado, mas que não se concretizou.
"Em termos de luta contra o terrorismo, a nossa estratégia militar será mais eficaz se a força conjunta do G5 Sahel e as forças armadas dos países do Sahel aumentarem o seu poder", recordou o chefe de Estado chadiano.
Em 2017, os cinco países levantaram a possibilidade de criação de uma força conjunta de 5.000 soldados, que não foi posta em prática pela falta de fundos, formação inadequada e equipamento deficiente.
O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também intervieram hoje por videoconferência, expressando o apoio europeu ao G5.
Borrell salientou a necessidade de consolidar os sucessos militares com melhorias civis. "Estamos empenhados em acelerar os esforços para o regresso do Estado a áreas frágeis", sublinhou.
Pela sua parte, Michel disse que "o compromisso da UE com o Sahel é forte, duradouro e concreto.
"Apoio financeiro previsível, equipamento e formação militar, desenvolvimento inclusivo, Estado de direito e governação, são estas as nossas prioridades", disse.
Já o primeiro-ministro português, António Costa, defendeu hoje "o restabelecimento" da "confiança entre os cidadãos e o Estado" como "pedra angular para travar o avanço" do terrorismo no Sahel, em complemento das ações de segurança para a estabilização.
Costa, que intervinha por videoconferência no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), frisou que esse restabelecimento deve assentar "num regime robusto de proteção dos direitos e liberdades fundamentais das populações, no desenvolvimento económico e também na luta contra todos os crimes cometidos contra elas, independentemente dos autores".
O primeiro-ministro português sublinhou que a participação de Portugal nas ações de estabilização na região foi sempre orientada, "em linha com a abordagem global da União Europeia", "na importância de complementar as ações imediatas, ao nível da segurança, com uma estratégia de longo prazo que promova as condições de base do desenvolvimento socioeconómico e a afirmação do Estado como única autoridade no seu território".
"Devemos continuar a aprofundar essa cooperação, em particular tendo em vista a próxima Cimeira UE-UA, que deverá ter lugar o mais brevemente possível", disse.
Os chefes de Estado do G5 expressaram a sua satisfação com "a continuação dos esforços de formação e aconselhamento" de iniciativas como a Missão de Formação da UE no Mali (EUTM).
O Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou hoje, através de um vídeo gravado, antes da cimeira, que Espanha irá aumentar significativamente a sua contribuição para a EUTM - uma missão atualmente liderada por um general espanhol e na qual o país é o principal contribuinte de tropas - para enfrentar o terrorismo islâmico.
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