As autoridades de saúde pública dos EUA recordam os alertas dos cientistas, que concordam em que o país não se preparou para enfrentar as novas estirpes do novo coronavírus e que os processos de desconfinamento em vários estados podem provocar novas vagas da pandemia.
"Este não é o momento para abrir totalmente", disse Karthik Gangavarapu, citado hoje pela Associated Pess, investigador do Instituto Scripps, cuja equipa trabalha em colaboração com as autoridades de saúde de San Diego, na Califórnia, para detetar as mutações do vírus.
Nas últimas duas semanas, as médias diárias de novos casos de infeção e morte com o novo coronavírus diminuíram substancialmente nos Estados Unidos, de acordo com os dados oficiais, e as autoridades anunciaram que mais de 40 milhões de pessoas (cerca de 12% da população) tinham recebido pelo menos a primeira dose das vacinas contra a covid-19.
Estes dados levaram vários governos estaduais a levantar algumas das medidas de contenção da pandemia, procurando responder aos apelos de proteção da economia.
A Florida, por exemplo, levantou muitas restrições e recebeu 25.000 fãs de futebol americano para o tradicional jogo Super Bowl, em Tampa e, na Califórnia, as autoridades começaram a dar permissão para a reabertura de locais de lazer e espetáculos.
Contudo, especialistas como Anthony Fauci, principal conselheiro da Casa Branca no combate à pandemia, e Rochelle Walenksy, diretora do Centro de Controlo de Doenças (CDC, na sigla em inglês), avisaram que esta tendência de melhoria pode reverter-se rapidamente, se novas variantes surgirem no terreno.
O problema, na opinião dos especialistas, é que os EUA demoraram a desenvolver um sistema de vigilância genética rigoroso para rastrear a disseminação das variantes e medir a dimensão da sua propagação no país.
Na quarta-feira, o Governo do Presidente Joe Biden anunciou que vai gastar quase 200 milhões de dólares para que as autoridades de saúde tripliquem os níveis de sequenciação genética, para identificar mutações que podem tornar o novo coronavírus mais infeccioso ou mais mortal.
A esta verba poderá juntar-se ainda cerca de 1,5 mil milhões de euros, pelo Congresso, para o mesmo tipo de tarefa.
O receio das autoridades é que novas variantes, ainda mais perigosas do que aquelas que surgiram nos últimos meses, possam ter um efeito devastador na crise sanitária.
"Estamos a perseguir um alvo em movimento, que muda muito depressa", explicou Lúcio Miele, geneticista de um centro de investigação em Nova Orleães.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.430.693 mortos no mundo, resultantes de mais de 109,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país mais afetado em termos de mortes e casos, com 490.550 óbitos e 27.826.891 casos, segundo o levantamento realizado pela Universidade Johns Hopkins.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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