"Se nós, europeus e americanos, soubermos entregar estas 13 milhões de doses o mais rapidamente possível, vale a nossa credibilidade" e "então o Ocidente será considerado em África", apontou o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, na Conferência de Segurança de Munique.
"Se hoje anunciarmos milhares de milhões de doses para doar dentro de seis meses ou um ano, os nossos amigos africanos irão comprar doses aos chineses, aos russos" e aí "a força do Ocidente não será uma realidade", defendeu Macron, citado pela agência France-Presse.
Na sexta-feira, os líderes do G7 acordaram em duplicar o seu apoio à vacinação contra a covid-19 no mundo para 7,5 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros), incluindo através do programa Covax, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O programa pretende fornecer vacinas este ano a 20% da população de cerca de 200 países e territórios.
Na quinta-feira, Macron tinham já apelado, no jornal Financial Times, para que os países ricos enviassem "muito rapidamente" entre 3% a 5% das suas doses disponíveis para África.
Na Conferência de Munique, que contou também com a participação do Presidente dos EUA, Joe Biden, e da chanceler alemã, Angela Merkel, Macron clarificou a sua proposta, sugerindo o envio imediato de 13 milhões de doses.
"O continente africano tem 6,5 milhões de profissionais de saúde, precisamos de 13 milhões de doses de vacinas para os proteger, para permitir que os sistemas de saúde resistam", disse o governante, acrescentando que o valor representa "0,43% das doses" encomendadas.
As campanhas de vacinação contra a covid-19 tiveram início de forma maciça em janeiro em múltiplos países desenvolvidos, mas os países em desenvolvimento enfrentam dificuldades em garantir e iniciar esta imunização.
O Zimbabué tornou-se na quinta-feira o oitavo país africano a iniciar a vacinação contra a covid-19, depois de Marrocos, Argélia, Egito, Maurícias, Ruanda, Seicheles e África do Sul.
De acordo com os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o continente ultrapassou hoje as 100.000 mortes por covid-19 desde o início da pandemia, fruto de mais de 3,79 milhões de infeções.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.441.926 mortos no mundo, resultantes de mais de 110,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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