"Estamos em conversações com o governo do Bangladesh para garantir a segurança da repatriação" dos rohingyas na embarcação, afirmou em conferência de imprensa em Nova Deli o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano, Anurag Srivastava.
O barco partiu há duas semanas dos campos de refugiados em Cox's Bazar, no sudeste do Bangladesh, onde mais de 725.000 rohingyas vivem desde a campanha de limpeza étnica lançada em 2017 pelo Exército de Myanmar (antiga Birmânia) contra esta etnia muçulmana não reconhecida no país, maioritariamente budista.
A embarcação, que viajava com 64 mulheres, 24 homens e 13 menores a bordo, está à deriva desde 15 de fevereiro, sem que os tripulantes tenham comida e água.
"Entendemos que, devido às condições adversas, oito dos ocupantes morreram e um está desaparecido desde então", revelou Srivastava.
O porta-voz explicou que a Índia enviou patrulhas "para fornecer alimentos, água e assistência médica aos ocupantes".
"Sete deles receberam também fluidos intravenosos", acrescentou.
O governo indiano recebeu também informações de que cerca de 47 refugiados na embarcação possuem carteiras de identidade emitidas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) do Bangladesh, que indicam que são cidadãos de Myanmar que fugiram para o país vizinho.
Esta situação é uma reminiscência da crise de refugiados de 2015, quando milhares de rohingyas ficaram à deriva durante semanas depois de as autoridades da Tailândia e Malásia terem desmantelado redes de tráfico de seres humanos que transportavam as pessoas para esses países desde Myanmar.
Depois do desmantelamento dessas redes, o trânsito de embarcações diminuiu notavelmente, apesar de no ano passado a Indonésia ter resgatado várias embarcações com refugiados rohingya que ficaram à deriva depois de deixarem o Bangladesh.
As guardas costeiras tailandesa, malaia e indonésia impediram inicialmente o desembarque dessas embarcações nas respetivas costas, mas um grupo de pescadores resgatou vários barcos, desafiando a proibição expressa da Marinha indonésia e, finalmente, as autoridades da região concordaram em permitir a chegada dos refugiados.
A maioria dos rohingya são apátridas que perderam a cidadania do governo birmanês no início da década de 1990 e foram sujeitos a um regime de descriminação durante décadas como imigrantes ilegais no Bangladesh, apesar de viveremhá décadas no estado de Arakan, no oeste de Myanmar.