No final de uma videoconferência informal do Conselho de Negócios Estrangeiros na vertente Comércio, à qual presidiu desde Bruxelas, Augusto Santos Silva, numa conferência de imprensa conjunta com o vice-presidente executivo da Comissão responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis, afirmou que houve "um apoio muito importante" dos Estados-membros à recente comunicação do executivo comunitário.
"Esta foi de facto uma reunião muito produtiva. Focámo-nos na revisão da política comercial europeia. A comunicação da Comissão foi um ponto de partida muito bom para a nossa discussão e será naturalmente a base sobre a qual construiremos o projeto de conclusões, a ser aprovado na nossa próxima reunião formal, em maio", apontou.
Reiterando a importância da política comercial da União Europeia, que deve agora também passar a ser um instrumento que auxilie a recuperação da economia europeia no pós-pandemia e que apoie a transição verde e digital, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros congratulou-se por os Estados-membros terem hoje manifestado "um apoio muito importante" à comunicação apresentada em 18 de fevereiro pela Comissão.
"Penso que foi uma reunião muito produtiva e a presidência [portuguesa do Conselho da UE] terá em consideração todos os contributos dados pelos Estados-membros", disse.
Por seu lado, Dombrovskis também considerou que a reação inicial dos 27 à proposta apresentada pelo executivo comunitário "foi globalmente positiva", designadamente com "um amplo apoio" às três ideias chave da futura estratégia comercial europeia: abertura, sustentabilidade e assertividade.
O vice-presidente executivo ressalvou que restam, no entanto, "várias questões em torno das quais é preciso trabalhar mais", dados diferentes pontos de vista, apontando a título de exemplo "a questão da sustentabilidade, a ligação [da política comercial] com o clima, e a reforma da Organização Mundial do Comércio".
"Mas, em termos gerais, diria que [a recetividade] foi positiva", disse.
Dombrovskis enfatizou que a nova estratégia comercial da UE para a próxima década "deve, antes de mais, contribuir para a retoma" económica europeia, apontando que, "mais do que nunca", a União espera que as exportações sejam um motor da mesma.
"Por isso reafirmamos o nosso compromisso com um comércio aberto, justo e baseado em regras. Não é apenas idealismo europeu, é uma necessidade económica e política", disse.
O comissário do Comércio sublinhou que a nova política comercial "também deve dar um maior contributo a outras prioridades, designadamente apoiar a transição verde e digital", razão pela qual a Comissão colocou, "pela primeira vez, a sustentabilidade no cerne da política de comércio.
A terminar, o ministro Santos Silva garantiu que os Estados-membros estão "todos conscientes" das suas obrigações e do que precisam de fazer no futuro próximo para garantir que "as ações coincidem com as palavras".
Augusto Santos Silva, que durante o corrente semestre de presidência portuguesa do Conselho da UE dirige os trabalhos dos Conselhos de Negócios Estrangeiros na vertente comercial -- a política externa está a cabo do Alto Representante Josep Borrell -, convidou os 27 para uma primeira troca de pontos de vista sobre a comunicação do executivo comunitário relativamente à revisão da política comercial da UE, devendo os Estados-membros adotar conclusões no Conselho de Comércio agendado para 20 de maio.
Em 18 de fevereiro passado, a Comissão Europeia apresentou a sua estratégia para renovar a política comercial da UE, tornando-a mais "aberta, sustentável e assertiva", nomeadamente perante os principais parceiros comerciais, China e Estados Unidos.