Uma jovem de 22 anos que, em 2021, foi diagnosticada com um sarcoma sinovial de estadio 3, um tipo raro de cancro dos tecidos moles, levou a cabo um funeral para o braço que foi obrigada a amputar.
Eldiara, cujo braço foi amputado em outubro do ano passado, publicou um vídeo da cerimónia na quarta-feira, na rede social TikTok, ao qual poderá assistir na galeria acima.
“Não parecia nada a minha mão, era nojenta, fria e dura. Parecia uma estátua de cera não curada”, detalhou, em resposta a um comentário deixado por um internauta.
Já na quinta-feira, a jovem, que apontou que esta foi “sem dúvida a experiência mais única” pela qual passou, confessou que “o que começou por ser uma brincadeira” ajudou-a a “processar a finalidade desta situação”.
“O que começou por ser uma brincadeira - realizar uma cerimónia pelo meu braço amputado - acabou por ser uma experiência maravilhosamente catártica. Ri-me do absurdo da situação durante um minuto e depois fiquei a olhar para a pele enrugada durante algum tempo, tentando recordar os últimos 22 anos que passei com esta coisa. Segurei muitas mãos, senti a pele de entes queridos, apanhei aranhas para levar para a rua, salvei minhocas no passeio, limpei lágrimas, fiz festas a cães e apanhei muitos dentes-de-leão. Toquei piano, guitarra, ukulele, um ato que nunca mais vou poder fazer”, escreveu, na rede social Instagram.
Eldiara admitiu que, a dado momento, compreendeu que também aquele membro foi “vítima” do cancro e “que fez o derradeiro sacrifício” por si.
“Brinco que o meu braço tentou matar-me, mas depois de olhar para ele na mesa, vendo as cicatrizes que acumulou ao longo dos anos, percebi que também ele foi apenas uma vítima desta doença e que fez o derradeiro sacrifício em meu nome. O cancro tirou-me muito, e continua a tirar, e é muito difícil dizer adeus a um membro como este, mas esta experiência ajudou-me a processar a finalidade desta situação”, complementou.
A jovem teceu ainda agradecimentos à agência funerária, que se mostrou “tão complacente com um pedido tão pouco convencional”, uma vez que trataram o braço “com o mesmo respeito com que tratariam um ente querido”.
“Pintaram-lhe as unhas e animaram-lhe a pele, deram-lhe uma almofada para descansar e um cobertor para o deixar confortável. Ninguém está preparado para saber como lidar com uma situação tão devastadora, mas acho que escolhi o caminho certo. Estou infinitamente grata pelos meus entes queridos que se dispuseram a ir comigo ao meu próprio funeral”, disse.
Numa nota final, Eldiara dirigiu-se ao próprio braço: “Estou feliz por ter podido dizer obrigada e adeus. Lamento que isto nos tenha acontecido, mas serviste-me bem. Obrigada pelas boas recordações, pela dor e por toda a alegria.”
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