"No nosso entender, o relaxamento das medidas restritivas poderá resultar numa terceira vaga com transmissão mais intensa", afirmou Jani.
Aquele responsável falava na quarta-feira durante a apresentação de dados sobre a evolução da pandemia, num encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e representantes de clubes moçambicanos, para um ponto de situação sobre a criação de condições visando a retomade provas desportivas no país, interrompidas devido ao novo coronavírus.
O diretor do INS avançou que os óbitos e infeções pelo novo coronavírus estão a mostrar "sinais de estabilização" nas últimas semanas, depois da subida registada em janeiro.
"A situação epidemiológica no país, incluindo na região metropolitana de Maputo, tende a estabilizar-se, provavelmentedevido às medidas restritivas tomadas", referiu Ilesh Jani.
Ainda assim, prosseguiu, o país continua com uma taxa de positividade alta, atingindo atualmente 20%, ou seja, "uma em cada cinco amostras testadas é positiva para a covid-19".
Em fevereiro, o país registou mais internamentos e mais óbitos do que em janeiro e espera-se ainda um "número significativo" de mortes em março, acrescentou.
"Geralmente, o pico de óbitos acontece um pouco mais tarde do que o pico de casos", explicou.
O diretor do INS assinalou que a taxa de letalidade do vírus em Moçambique é de 1,1%, sendo mais baixa do que a média do continente africano, que é de 2,5%.
"Achamos que os cuidados médicos que temos providenciado como país jogam um papel importante nessa taxa", destacou.
O epidemiologista Avertino Barreto, um dos mais conhecidos do país, também alertou para uma eventual terceira vaga se houver uma suavização das medidas de prevenção.
"Não lancemos foguetes, porque daqui a dois ou três meses teremos uma terceira onda, se não tomarmos precauções agora", declarou Barreto, em entrevista ao canal televisivoSTV.
O especialista, que faz parte da comissão científica contra a covid-19, criada pelo executivo moçambicano, defendeu que o país não deve "aliviar agora, nem um bocado".
"Sou da opinião de que se deve manter o recolher obrigatório e, mais, estender para outras cidades em que se julgavaque a situação estava controlada, como Nampula, Beira e Quelimane", afirmou.
Avertino Barreto considerou que a segunda vaga de covid-19 que o país vive desde o início do ano deve-se a diversos fatores, entre eles, a forma como as "elites" festejaram a quadra natalícia e a passagem de ano. "Quem fez as festas grandes não foi o nosso [cidadão] desgraçado, a vender tomates", numa alusão à venda informal de rua de que depende boa parte da população.
Na opinião daquele especialista,as elites "contribuíram grandemente" para a propagação da doença.
O Presidente moçambicano faz hoje uma comunicação à nação sobre o rumo que o país vai seguir na prevenção e combate à covid-19, um mês após ter decretado um recolher obrigatório na região do grande Maputo e ter anunciado o agravamento das restrições.
Moçambique contabiliza cumulativamente 668 óbitos por covid-19 e 60.395 casos, dos quais 72% estão recuperados e outros 184 atualmente internados (73% destes na cidade de Maputo).
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