Papa agradece a padres por permanecerem "perto do povo" no Iraque
O Papa Francisco agradeceu hoje aos bispos e padres por permanecerem "perto do povo" do Iraque, durante uma visita à catedral de Bagdade, alvo de um atentado em 2010.
© Reuters
Mundo Francisco
"Agradeço-vos, irmãos bispos e sacerdotes, por permanecerem perto de vosso povo, apoiando-os", disse o Papa Francisco no primeiro dia de sua visita a um país devastado durante quarenta anos por guerras.
A comunidade cristã do Iraque, que em 2003 era composta por 1,5 milhões de fiéis, tem vindo a decrescer, mas o Papa defendeu que "a comunidade católica no Iraque, embora pequena como um grão de mostarda, (deve continuar) para enriquecer a marcha do país como um todo".
O Papa Francisco iniciou hoje uma visita de quatro dias ao Iraque, a primeira de um papa a um país muçulmano de maioria xiita, numa missão em que se apresenta como "peregrino da paz".
"Venho como peregrino (...) para implorar ao Senhor perdão e reconciliação, depois de anos de guerra e terrorismo (...) e eu venho entre vós como peregrino de paz", sublinhou o Papa, na quinta-feira, numa mensagem de vídeo publicado na véspera da sua partida.
Apesar da visita ser uma das mais difíceis e arriscadas do seu pontificado, Francisco tem como objetivo estar perto da comunidade cristã do país, brutalmente perseguida pelos extremistas do EI durante pelo menos três anos.
Sob alta proteção e movimentando-se sozinho e com máscara facial, para cumprir as regras de proteção contra a covid-19, o pontífice, de 84 anos, afirmou querer confortar uma das comunidades cristãs mais antigas do mundo, enfraquecida pela violência e pela pobreza.
Durante a sua estada - que terminará na segunda-feira depois de 1.445 quilómetros percorridos principalmente por via aérea para evitar áreas onde os 'jihadistas' ainda se escondem - o Papa também irá visitar muçulmanos num encontro com o aiatola Ali Sistani, autoridade máxima de muitos xiitas no Iraque e no mundo.
Francisco, que tem no programa a visita à planície de Ur, o lugar de Abraão - onde é recordado que as três principais religiões monoteístas (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo) têm a mesma origem, manifestou o "desejo de orar com irmãos e irmãs de outras tradições religiosas".
A agenda papal inclui encontros com a comunidade católica, composta por 590 mil pessoas, cerca de 1,5% da população iraquiana, além de cristãos de outras Igrejas e confissões religiosas e líderes políticos.
O Papa vai passar por Bagdade, Najaf, Ur, Erbil, capital do Curdistão iraquiano, Mossul e Qaraqosh.
De acordo com dados da Ajuda para as Igrejas Necessitadas (ACN), nos três anos de guerra contra o Estado Islâmico (EI), 34 igrejas foram totalmente destruídas, 132 foram incendiadas, 197 parcialmente danificadas, assim como mais de mil casas de cristãos foram totalmente destruídas e mais de três mil incendiadas, mostrando o grau de perseguição a esta minoria religiosa que se concentra sobretudo no norte do Iraque.
Não sendo o distanciamento físico e o uso da máscara práticas muito seguidas pelos iraquianos, os organizadores da visita papal limitaram os lugares para as missas.
O estádio de Erbil, com 20.000 lugares, apenas deverá receber cerca de 4.000 fiéis para a missa de domingo e Francisco será privado dos habituais banhos de multidão.
Será ainda decretado um confinamento nacional durante todo o período da visita do Papa e "as forças de segurança serão destacadas para proteger as estradas", explicou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Nizar Kheirallah.
Além das preocupações com a covid-19, a segurança estará alerta, tendo em conta que Erbil e Bagdade, a segunda capital mais populosa do mundo árabe, com cerca de 10 milhões de habitantes, foram palco recentemente de ataques de 'rockets' contra interesses norte-americanos.
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