Em causa estão vários fatores ligados à crise da covid-19, principalmente o encerramento de escolas, o agravamento das condições económicas, as perturbações nos serviços públicos e a morte dos pais, de acordo com a agência das Nações Unidas dedicada às crianças.
"A covid-19 agravou uma situação já difícil para milhões de raparigas", disse a diretora Executiva da UNICEF, Henrietta Fore, num comunicado. "Mas nós podemos e devemos acabar com o casamento infantil", acrescentou.
A pandemia ameaça assim minar os progressos feitos na última década, que viu a proporção de jovens casadas antes dos 18 anos passar de uma em quatro para uma em cada cinco.
"Devem ser tomadas medidas imediatas para limitar o impacto [da pandemia] nas jovens e nas suas famílias", exortou Henrietta Fore. "Ao reabrir escolas", garantindo "o acesso aos serviços sociais e de saúde", e "aplicando leis e políticas adequadas (...) podemos reduzir o risco de o casamento roubar a infância de uma jovem", salientou.
Segundo a UNICEF, 650 milhões de raparigas e mulheres em todo o mundo foram casadas antes de completarem 18 anos. Metade destes casamentos teve lugar em cinco países: Bangladesh, Brasil, Etiópia, Índia e Nigéria.
Segundo números publicados em 2020 pela Unicef, a proporção de raparigas casadas antes dos 18 anos de idade atingiu 76% no Níger e 68% na República Democrática do Congo.
A proporção de rapazes casados antes dos 18 anos de idade é apenas um sexto, quando comparado com o que acontece com as jovens.
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