O desfile, maioritariamente integrado por estudantes e por simpatizantes do 'Hirak', percorreu as principais artérias do centro da capital em direção à Grande Poste, o local onde habitualmente se concentram os apoiantes do movimento de contestação.
Na frente do desfile, uma larga faixa com a mensagem "O regime morreu e não é possível ressuscitar um cadáver. Não à normalização com o poder, demitam-se!".
"As reivindicações essenciais dos estudantes são a partida do 'sistema', uma justiça independente e uma imprensa livre, para que possa transmitir o que diz o povo e não o que diz o sistema", disse à AFP Ilyes, um manifestante de 25 anos.
Os participantes retomaram as palavras de ordem do 'Hirak', - por uma "Argélia livre e democrática" e um "Estado civil e não militar" -- e criticaram o Presidente Abdelmadjid Tebboun, eleito em dezembro de 2019 num escrutínio largamente boicotado.
Apesar de importante, o dispositivo policial foi mais discreto face às semanas anteriores. As reuniões públicas permanecem proibidas no país magrebino devido à pandemia de covid-19.
Antes da interrupção forçada das marchas do 'Hirak' em março de 2020, justificadas pela crise sanitária, os estudantes promoviam regularmente desfiles às terça-feira em Argel, que antecediam as grandes manifestações de sexta-feira, após as orações nas mesquitas.
O movimento de protesto surgido em fevereiro de 2019, pacífico e plural, continua a exigir o desmantelamento do 'sistema' no poder desde a independência de 1962, com forte influência da hierarquia militar que acusam de ter renunciado aos valores originais da revolução argelina, e sinónimo de autoritarismo e corrupção.
Dezenas de milhares de argelinos têm regressado às ruas de Argel e de outras cidades do país desde o segundo aniversário do movimento, conformando a retoma da mobilização do 'Hirak'.
Face à contestação, o regime utiliza a tática da "cenoura e do bastão": em fevereiro libertou cerca de 60 militantes do 'Hirak', incluindo diversas personalidades, mas alguns tribunais continuam a aplicar pesadas sentenças.
Sami Dernouni, um militante de Tipaza, perto de Argel, foi hoje condenado a dois anos de prisão por "incitamento à rebelião", "atentado à unidade nacional" e "atentado à segurança nacional", indicou o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), uma associação de apoio.
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