"É claro que a situação de tumultos, de alguma instabilidade que se vive em qualquer país na nossa sub-região preocupa-nos, mas temos a confiança, e seguimos com muita atenção também o discurso do próprio Presidente Macky Sall a apelar a todas as partes a chegar a um entendimento", disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV) depois de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, o também ministro da Defesa e da Integração Regional de Cabo Verde sublinhou que se trata de uma questão interna do Senegal, país irmão e amigo.
"Estamos certos de que o povo senegalês, o Estado e todos os intervenientes saberão dar resposta adequada a este momento, ultrapassar esta situação", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, país que tem uma extensa comunidade no Senegal.
Rui Figueiredo Soares informou que de 21 a 23 deste mês vai receber na cidade da Praia uma visita do seu homólogo senegalês, no âmbito do estreitamento das relações entre os dois países.
O Senegal foi palco, na semana passada, de confrontos entre jovens e forças de segurança, havendo também registo de pilhagens e saques depois da detenção do opositor Ousmane Sonko, terceiro classificado nas eleições presidenciais de 2019 e esperado candidato às de 2024.
Durante o dia de terça-feira as tensões abrandaram, depois de as autoridades terem libertado Sonko na segunda-feira e de um discurso do Presidente do país, Macky Sall, em que este pediu um "apaziguamento".
Sonko, presidente do partido Pastef, foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública. Mas no início de fevereiro foi alvo de uma queixa de violação apresentada por uma empregada de um salão de beleza, onde ia receber massagens.
O opositor alega ser vítima de uma conspiração desenhada pelo Presidente para o manter fora das próximas eleições presidenciais, o que Macky Sall refutou.
Sonko foi acusado na segunda-feira de violação, mas libertado sob supervisão judicial. O Presidente senegalês quebrou o silêncio e apelou à "calma e serenidade" na televisão nacional.
Na terça-feira, o coletivo de protesto senegalês Movimento de Defesa da Democracia (M2D) apelou a manifestações "pacíficas" no país no sábado, exigindo a libertação do que considera serem prisioneiros "políticos".
Numa declaração lida à comunicação social, o M2D pediu também um dia de luto na sexta-feira, em homenagem às 11 pessoas que disse terem morrido na agitação da semana passada - a pior desde 2012 no país, considerado como uma ilha de estabilidade na África Ocidental.