"Não às eleições com o bando de mafiosos", gritaram milhares de pessoas nos desfiles que voltaram a dirigir-se para a Grande Poste, o emblemático local de concentração do amplo movimento de protesto, e que geralmente decorre após a grande oração de sexta-feira.
"É sempre o mesmo sistema a ocupar o poder. Não vamos votar em 12 de junho próximo", disse à agência noticiosa AFP M'Hamed, um comerciante de 50 anos.
Na sequência do segundo aniversário do levantamento popular de 22 de fevereiro, os manifestantes do 'Hirak' retomaram as suas marchas de sexta-feira, o dia da mobilização semanal do movimento que esteve suspenso durante um ano devido à pandemia do coronavírus.
"Para se manter, o poder diz: legislativas", indicava uma frase num dos muitos cartazes agitados pela multidão, que ecoava uma da palavra de ordem central do protesto: "Estado civil e não militar".
Apesar de as concentrações públicas permanecerem proibidas devido à pandemia, também decorreram manifestações em Oran (oeste), Tizi Ouzou, Skikda, Jilel ou em Annaba (leste).
De acordo com o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), uma associação de apoio, foram efetuadas diversas detenções.
Na quinta-feira, o Presidente Abdelmadjid Tebboune convocou eleições legislativas antecipadas para 12 de junho, numa tentativa de resposta à nova ofensiva do movimento contestatário.
O escrutínio deveria inicialmente decorrer em 2022, mas Tebboune dissolveu em 21 de fevereiro a Assembleia Popular Nacional (APN), a câmara baixa do parlamento, abrindo caminho às legislativas antecipadas.
Para responder à crise política com que se confronta há dois anos, o poder libertou dezenas de detidos de opinião e apelou aos contestatários -- que continuam a exigir o desmantelamento do "sistema" instaurado na Argélia desde a independência (1962) e com forte predominância da hierarquia militar --, para comparecerem no desafio eleitoral.
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