De acordo com o jornal Irrawaddy Times, pelo menos três pessoas morreram hoje atingidas por disparos em Myingyan, perto da cidade de Mandalay enquanto um número indeterminado de manifestantes ficou ferido na sequência dos disparos de soldados e polícias.
O diário digital Myanmar Now refere-se a 59 mortos e 129 feridos em Rangum, vítimas das forças policiais e militares durante os protestos de domingo, o dia mais sangrento após a tomada do poder pelo Exército.
"Os médicos e as equipas de resgate acreditam que o número de vítimas pode ser mais elevado", indica o mesmo jornal.
Por outro lado, de acordo com fontes na República Popular da China, arderam 32 fábricas têxteis de empresários chineses na cidade de Rangum, o que provocou uma reação da embaixada de Pequim que pediu às autoridades para prenderem os responsáveis pelos incêndios e "garantam a segurança das empresas e funcionários chineses".
O diário chinês Global Times indicou que os trabalhadores chineses ficaram feridos e citando fontes da embaixada da República Popular da China refere que os estragos foram superiores a 31 milhões de euros.
Entretanto, o Movimento de Desobediência Civil, que organiza as manifestações contra a Junta Militar responsabiliza os militares pelos incêndios.
"A Junta terrorista é totalmente responsável pelos incêndios das fábricas chinesas", assinalou domingo o movimento político através da rede social Twitter.
Pequim exerceu o direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas para não condenar o golpe de Estado na Birmânia, um gesto que é encarado pelos manifestantes como um sinal de apoio explícito de Pequim aos militares birmaneses.
Os distúrbios do fim de semana passado levaram a Junta Militar da Birmânia a decretar hoje a extensão da lei marcial a várias zonas industriais e densamente povoadas de Rangum e Mandalay.
Os protestos na Birmânia rejeitam o poder da Junta Militar e exigem o "regresso da democracia" assim como o respeito pelos resultados das eleições de novembro assim como a libertação de todos os presos pelos militares, entre eles a líder "de facto" do governo, Aung San Suu Kyi.
O tribunal que julga a deposta líder adiou hoje, por problemas técnicos relacionados com as ligações de vídeo conferência, e depois dos cortes de internet decretados pela Junta Militar.
De acordo com os advogados de Aung San Suu Kyi a terceira sessão do julgamento foi adiada para o dia 24 de março.
O adiamento coincide com as restrições técnicas ao acesso à internet impostas no domingo à noite e que incluem o acesso à rede através dos telemóveis, à escala nacional.
Desde que foi detida no dia 1 de fevereiro durante o golpe de Estado militar, Suu Kyi, 75 anos, está praticamente isolada.
A líder é acusada de quatro delitos, entre os quais o de suborno por aceitar aparelhos telefónicos e pode ser condenada a 15 anos de prisão.
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