São Paulo defende distanciamento social contra novas estirpes da Covid-19

O governo do estado de São Paulo disse hoje que está atento às novas variantes do SARS-CoV-2, causador da covid-19, que surgiram no país e explicou que o distanciamento social é a principal medida contra as mutações.

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Lusa
15/03/2021 19:35 ‧ 15/03/2021 por Lusa

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"O que nós temos hoje não é só uma preocupação, mas uma ocupação, nós estamos agindo. Ação é fundamental", disse o secretário da Saúde do estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, numa conferência de imprensa ao ser questionado sobre a variante amazónica (P.1) e sobre as mutações do novo coronavírus no país.

O secretário enumerou medidas restritivas adotadas no plano do governo regional para controlar a proliferação da covid-19 e conter as mutações do vírus.

"Foram estabelecidas até à data de ontem, com o faseamento vermelho [do plano São Paulo], e hoje, com o primeiro dia do faseamento emergencial, restrições muito mais regionalizadas. Em algumas áreas do estado [há] um 'status' de restrição maior, conhecido como 'lockdown', baseado exatamente na circulação maior do vírus", frisou.

Gorinchteyn também disse que o governo regional acompanha a ocorrência de novas estirpes do coronavirus através de análise aleatória de amostras recolhidas em testes de pessoas infetadas que são encaminhadas e analisadas geneticamente pelo Instituto Adolfo Lutz.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, órgão ligado ao estado de São Paulo, responsável pelo fabrico da vacina CoronaVac no Brasil, fez questão de mencionar que é importante monitorizar se os imunizantes neutralizam as novas variantes do SARS-CoV-2.

"No caso da vacina do Butantan estes testes já foram realizados e [as vacinas] são altamente eficientes contra as chamadas variantes P.1 e P.2, que são as variantes que predominam neste momento da pandemia no estado de São Paulo", afirmou.

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou a abertura de um novo hospital de campanha com 180 camas na região central da capital do estado e informou que o Instituto Butantan realizou hoje a entrega de 3,3 milhões de doses da CoronaVac ao Governo brasileiro.

"Como governador quero deixar claro que não vou silenciar (...) Até o final deste mês serão 300 mil brasileiro mortos", frisou Dória, em resposta às críticas que sofreu de manifestantes que organizaram protestos e o ameaçaram e à sua família, devido às medidas de distanciamento social adotadas no estado de São Paulo.

Enquanto a doença segue sem controlo no país, novas restrições foram adotadas hoje em São Paulo.

As medidas vigorarão pelo menos até 30 de março e fortalecerão as ações já adotadas no início do mês, quando foi decretado o fecho de todos os estabelecimentos comerciais, exceto os de primeira necessidade.

Nessa nova etapa, São Paulo suspendeu atividades religiosas e desportivas, fechou lojas de materiais de construção e proibiu o acesso às praias, que haviam registado grande afluência de público nas últimas semanas.

Em números absolutos, São Paulo, motor económico e região mais populosa do Brasil, com 46 milhões de habitantes, é o estado do país mais atingido pela covid-19, sendo responsável por 2,2 milhões de infeções e 64.123 mortes.

São Paulo ultrapassou recentemente o número máximo diário de mortes e está perigosamente perto do colapso de seus hospitais públicos, com quase 90% das camas de terapia intensiva ocupadas, situação que afeta 20 outros estados do país.

O agravamento da pandemia coincide com a circulação de novas variantes mais transmissíveis, incluindo a brasileira P.1.

O Brasil é o segundo país com o maior número de infetados, cerca de 11,5 milhões, e óbitos associados ao covid-19, com 278.229, atrás apenas dos Estados Unidos.

No entanto, com uma média de cerca de 1.800 mortes por dia, o Brasil é hoje o lugar do planeta com mais infeções e mortes por dia, à frente até mesmo dos Estados Unidos.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.654.089 mortos no mundo, resultantes de mais de 119,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: Cardiologista confirma que Bolsonaro quer mudar o ministro da Saúde

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