"O meu homólogo Dendias virá à Turquia em 14 de abril; vamos encontrar-nos no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Ancara", disse Mevlut Çavusoglu em conferência de imprensa transmitida em direto pela cadeia televisiva CNNTurk.
Esta deslocação implicará o primeiro encontro bilateral a nível ministerial desde a viagem à Turquia, em 2019, do então primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apesar de Çavusoglu e Dendias já se terem encontrado em outubro passado num fórum internacional em Bratislava, capital da Eslováquia.
O anúncio do ministro turco surge após meses de tensões diplomáticas e disputas verbais entre Atenas e Ancara em torno da exploração de gás no Mediterrâneo oriental, onde os dois países divergem em torno das zonas económicas exclusivas (ZEE) e da plataforma continental.
Em 25 de janeiro foram reiniciados em Istambul os contactos exploratórios promovidos por altos funcionários dos dois países vizinhos, e que estavam suspensos há cinco anos.
"Existem assuntos no Egeu sobre os quais a Grécia e Turquia não estão de acordo e que foram abordados durante estes contactos numa atmosfera positiva. Estes encontros vão prosseguir. A Turquia deixou muito clara a sua posição no Mediterrâneo oriental", acrescentou Çavusoglu.
"Explicámos as nossas propostas concretas à União Europeia, mas não obtivemos resposta", precisou o ministro turco nas declarações de hoje.
A Turquia reivindica uma vasta zona marítima entre a Grécia e Chipre, onde iniciou a prospeção de hidrocarbonetos, ao argumentar que as ilhas gregas não devem ser consideradas na delimitação de uma ZEE, e que Atenas rejeita pelo facto de a legislação internacional não distinguir entre ilhas e terra firme.
Num outro sinal de um avanço no diálogo bilateral, Çavusoglu também anunciou que estão em curso preparativos para um encontro entre o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o primeiro-ministro grego Kyriakos Mitsotakis.
A recente crise diplomática entre os dois países vizinhos foi a mais grave desde 1996, quando os dois Estados-membros da NATO estivem á beira de uma guerra em torno de disputas territoriais no mar Egeu.
Em dezembro, após o anúncio de sanções europeias contra Ancara, apesar de simbólicas, Erdogan multiplicou os gestos de apaziguamento e apelou ao diálogo com a Grécia.
No entanto, o chefe de Estado turco assinalou na terça-feira que permanece "intacta" a "determinação da Turquia no Mediterrâneo oriental", e que para Ancara "está fora de questão fazer concessões".
Apesar destas declarações, Atenas espera por sua vez garantir uma "base comum" de atendimento com a Turquia "para solucionar o diferendo", declarou Dendias na terça-feira.
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