Myanmar: Desfile militar e manifestações reprimidas em várias cidades
As forças armadas birmanesas mostraram hoje o arsenal militar, num desfile em Naypyidaw, para assinalar o "Dia das Forças Armadas", enquanto em várias cidades do país novas manifestações pró-democracia foram duramente reprimidas.
© STR/AFP via Getty Images
Mundo Golpe
Os ativistas pró-democracia tinham apelado para novas manifestações contra o golpe de Estado de 01 de fevereiro, no mesmo dia em que o exército realiza o desfile militar anual, em Naypyidaw, perante o chefe do exército e agora chefe da junta no poder, general Min Aung Hlaing.
Ao início da manhã (hora local), milhares de soldados, tanques, mísseis e helicópteros desfilaram perante um grupo de generais e convidados, incluindo delegações russas e chinesas, numa cerimónia anual que assinala o início da resistência do exército birmanês à ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial.
Min Aung Hlaing defendeu novamente o golpe de Estado na sequência da alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, ganhas pelo partido de Aung San Suu Kyi, e prometeu uma "transferência da responsabilidade do Estado" após um novo escrutínio.
O exército birmanês "procura o empenho de toda a nação", afirmou Hlaing, acrescentando que os atos de "terrorismo que podem minar a tranquilidade e a segurança do Estado" são inaceitáveis.
Antes do amanhecer, os militares tinham já reprimido manifestantes em Rangum, capital económica do país, enquanto num comício de estudantes em Lashio, no estado nordeste de Shan, polícia e soldados abriram fogo sobre a multidão.
"As pessoas não tinham começado a protestar, não tinham sido proferidos 'slogans'. O exército e a polícia chegaram e dispararam contra munições reais sem qualquer aviso", disse uma jornalista local Mai Kaung Saing, à agência de notícias France Presse.
Nas últimas semanas, as forças de segurança têm usado granadas de gás lacrimogéneo, balas de borracha e munições reais contra manifestantes e comícios.
Na sexta-feira à noite, a televisão estatal apelou aos jovens para deixarem de participar num "movimento violento".
"Aprendam a lição dos que morreram depois de terem levado um tiro na cabeça e nas costas ... não morram em vão", dizia a mensagem.
De acordo com um grupo de defesa de presos políticos, 320 pessoas morreram e mais de três mil foram detidas, desde o golpe militar de 01 de fevereiro, que afastou Aung San Suu Kyi e outros líderes políticos civis do poder.
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