George Floyd. Julgamento será "um referendo" à justiça norte-americana
O advogado da família de George Floyd considerou hoje que o julgamento do polícia acusado de assassinar o afro-americano, num episódio que gerou um movimento mundial anti-racismo, é "um referendo" à justiça e igualdade na América.
© Brandon Bell/Getty Images
Mundo Floyd
"Hoje começa um julgamento histórico, que será um referendo sobre quão longe [os Estados Unidos da] América já chegaram na procura de igualdade e de justiça para todos", disse Ben Crump, pouco antes do início das alegações iniciais do julgamento do polícia branco Derek Chauvin, em Minneapolis.
"Queremos saber onde está a justiça, o mundo inteiro está a observar", acrescentou.
Derek Chauvin, de 45 anos, incluindo 19 ao serviço da polícia de Minneapolis, no norte dos Estados Unidos, é acusado de homicídio e homicídio agravado.
Em 25 de maio de 2020, colocou um joelho no pescoço de George Floyd durante quase nove minutos, acabando por matá-lo.
A intervenção inicial da acusação terá tido início às 09:30 locais (15:00 em Lisboa) por Jerry Blackwell, um famoso advogado afro-americano, numa sessão que decorre num tribunal transformado em campo entrincheirado.
As autoridades apelaram a que todas as manifestações programadas para o decorrer do julgamento -- que deverá demorar três a quatro semanas - sejam pacíficas e calmas.
Os advogados da entidade equivalente ao Ministério Público tentarão mostrar que Derek Chauvin, que comparece em liberdade, mostrou desprezo pela vida de George Floyd, mantendo a pressão mesmo depois de o homem, algemado, ter dito 20 vezes que não conseguia respirar, ter desmaiado e até ter deixado de respirar.
Eric Nelson, o advogado de Derek Chauvin, que se declara inocente, irá garantir que o polícia se limitou a seguir procedimentos autorizados para controlar um suspeito indisciplinado e que não é responsável pela morte de George Floyd.
Floyd, que sofria de problemas de saúde, terá, segundo Nelson, sucumbido a uma 'overdose' de fentanil, um poderoso opiáceo cujos vestígios foram encontrados na autópsia.
O advogado do polícia "tentará manchar" a memória de George Floyd, mas "os factos são simples. O que matou George Floyd foi uma 'overdose' de força excessiva", afirmou o advogado Ben Crump, acusando o ex-polícia de ter "torturado" Floyd.
No início do julgamento, vários familiares de George Floyd ajoelharam-se durante 8 minutos e 46 segundos -- o tempo em que o polícia manteve o joelho no seu pescoço - para prestar homenagem ao afro-americano.
No dia da morte, um vídeo feito por transeuntes e divulgado nas redes sociais mostrou imagens de George Floyd a ser retirado do carro onde seguia sem resistir à polícia e, depois, um polícia a colocar o joelho no pescoço do detido e a pressioná-lo vários minutos.
No vídeo é possível ouvir-se Floyd a dizer ao polícia que não consegue respirar.
O julgamento ocorre sem audiência, devido à pandemia de covid-19, mas as sessões serão transmitidas ao vivo e é esperado que sejam seguidas através da televisão por muitos milhares de norte-americanos.
O veredito é esperado para o final de abril ou início de maio, sendo que os 12 jurados terão de decidir por unanimidade, sob pena de o julgamento ser considerado nulo.
A possibilidade de nulidade do julgamento ou de absolvição do acusado poderá desencadear novos tumultos em Minneapolis, à semelhança do que já aconteceu no final de maio do ano passado.
Os processos contra polícias por violência exercida no cumprimento das suas funções são muito raros, mas as condenações são mais invulgares ainda.
A câmara municipal de Minneapolis, que decidiu levar a cabo uma reforma profunda da polícia, aceitou, em meados de março, em pagar cerca de 23 milhões de euros por danos à família de George Floyd, como forma de fechar uma reclamação civil.
"Tenho um grande vazio no meu coração, que não pode ser preenchido, nenhuma quantia em dinheiro pode. Queremos uma condenação", disse, no domingo à noite, o irmão de George Floyd, Philonise.
O advogado de Derek Chauvin criticou o acordo, que, segundo afirmou, pode influenciar os jurados.
Os outros três polícias envolvidos no caso - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -- só serão julgados por "cumplicidade no homicídio" em agosto, também devido à covid-19.
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