"Os participantes concordaram em retomar a sessão da comissão mista em Viena na próxima semana, de maneira a identificar claramente o levantamento de sanções e as medidas de implementação nucleares, incluindo através da organização de reuniões com os grupos de especialistas relevantes", lê-se numa nota publicada pelo Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) após uma reunião, por videoconferência, entre representantes da UE, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irão.
Segundo o SEAE, na reunião de hoje os participantes "reconheceram a perspetiva de um regresso completo dos Estados Unidos ao JCPOA [o Plano de Ação conjunto Global concluído em Viena em 2015], e sublinharam a sua disponibilidade para abordar positivamente esta questão num esforço conjunto".
"Os participantes também enfatizaram o seu empenho em preservar o JCPOA e discutiram as modalidades para assegurar o regresso à sua plena e efetiva implementação", frisa o SEAE.
Nesse âmbito, o SEAE salienta que, durante a reunião em Viena, o coordenador da comissão mista do JCPOA e alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, irá intensificar os contactos com "todos os participantes do JCPOA", mas também com os Estados Unidos.
A reunião que teve hoje lugar virtualmente tinha sido anunciada pelo SEAE na quinta-feira, tendo a administração do Presidente americano, Joe Biden, considerado a iniciativa como uma "etapa positiva".
Durante uma conferência de imprensa na quinta-feira, o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, adiantou também que os Estados Unidos estão dispostos a tomar "medidas recíprocas" com o Irão para regressarem ao texto.
O anúncio da reunião em Viena da comissão mista do JCPOA surge após, na terça-feira, o Irão ter indicado que faz depender a paragem da produção de urânio enriquecido a 20% do fim de "todas as sanções" dos Estados Unidos, em resposta a uma eventual proposta de Washington de retomar as negociações sobre energia nuclear.
"O enriquecimento [de urânio] a 20% está em concordância com o artigo 36.º do JCPOA e só [pode conhecer um fim] se os Estados Unidos levantarem todas as sanções", disse um alto responsável iraniano sob anonimato à televisão estatal de Teerão Press TV, em língua inglesa.
O JCPOA foi assinado entre o Irão e seis grandes potências - Estados Unidos, Rússia, República Popular da China, França, Reino Unidos e Alemanha - mas Washington retirou-se de forma unilateral, durante a Presidência de Donald Trump.
Biden já expressou vontade em regressar ao acordo, mas com condições.
O Irão começou a produzir urânio (20%) no passado mês de janeiro, transgredindo o pacto, que estipula o máximo de pureza até 3,67% e está também a usar centrifugadoras avançadas quando o JCPOA apenas permite os equipamentos de primeira geração.