Guiné Equatorial: Jovens organizam vigília pelas vítimas das explosões

Um grupo de jovens e opositores vão reunir-se na quarta-feira na capital da Guiné Equatorial para homenagear as vítimas das explosões num quartel na cidade de Bata e para contestar a ação do governo e a militarização do país.

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© AFP via Getty Images

Lusa
05/04/2021 09:35 ‧ 05/04/2021 por Lusa

Mundo

Guiné Equatorial

"Nós aqui não podemos falar em manifestações e temos dito que vamos fazer uma homenagem", disse à Lusa Paysa, um dos promotores do grupo Somos+, que pediu autorização para a realização de uma vigília na cidade de Malabo.

"No dia 07 queremos chorar os nossos mortos e a situação do país", afirmou o opositor, salientando que esta ação visa recordar o acidente no quartel de Bata, no dia 07 de março, que mostra o nível de militarização da Guiné Equatorial, governada por Teodoro Obiang Nguema desde 1979, num regime considerado ditatorial por várias organizações de direitos humanos.

A explosão no quartel "não foi um acidente, foi uma tragédia anunciada", porque o país é "um gigantesco arsenal militar" que o regime mantém com medo da revolta popular.

"Um acidente é uma coisa fortuita, mas o que se passou em Bata era algo que se esperava", afirmou Paysa, considerando que ao governo de Obiang falta autoridade moral para lidar com um acidente deste género.

No dia 07 de março, Bata, a maior cidade da parte continental do país, foi palco de várias explosões com origem num quartel militar que causaram 107 mortes e seis centenas de feridos.

O governo apontou o mau uso de munições e explosivos militares que estavam guardados no quartel como a causa do acidente, que motivou um pedido de ajuda internacional por parte das autoridades de Malabo.

"Este acidente é a radiografia de tudo o que se passa na Guiné [Equatorial]. As pessoas não têm trabalho, as pessoas não têm dinheiro para nada e o governo continua a comprar armas" para se proteger da população.

"Eles têm sido tão maus que não podem ser piores", resumiu Paysa, que integra um movimento apartidário de jovens que reclama maior abertura do regime e um maior respeito dos direitos da oposição.

Leia Também: Guiné Equatorial: 20 corpos estão por identificar, um mês após explosão

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