Numa rara admissão da fraqueza das vacinas chinesas contra o novo coronavírus, Gao Fu, o chefe do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, afirmou durante uma conferência no fim de semana que as autoridades estão a considerar misturar vacinas, como forma de lidar com a sua "eficácia não elevada".
"Está agora formalmente em análise se devemos usar diferentes vacinas de diferentes linhas técnicas no processo de imunização", indicou Gao.
Gao disse hoje, no entanto, que as suas observações foram "tiradas do contexto" e mal interpretadas.
"Depois de falar sobre diferentes estratégias de imunização, mencionei a questão das taxas de proteção da vacina e expressei a minha reflexão sobre como podemos otimizar o nosso processo de administração", disse, citado pelo portal chinês guancha.com.
Pequim distribuiu centenas de milhões de doses noutros países enquanto também tenta levantar dúvidas sobre a eficácia das vacinas ocidentais.
As taxas de eficácia da vacina para o coronavírus do fabricante chinês Sinovac na prevenção de sintomas infecciosos foi estimada em 50,4% por investigadores no Brasil.
As vacinas da China usam uma tecnologia tradicional, que consiste em injetar um vírus quimicamente inativado para provocar uma resposta imunológica.
Os fabricantes ocidentais têm recorrido ao uso de tecnologia RNA mensageiro (mRNA), uma tecnologia nova e que tem apresentado níveis mais elevados de eficácia.
O Chile defendeu a decisão de confiar na vacina da Sinovac. O país está a enfrentar nova vaga de infeções, apesar de ter uma das maiores taxas de vacinação per capita do mundo.
O ministro da Ciência do Chile, Andrés Couve Correa, escreveu na rede social Twitter, no domingo, que a Sinovac ajudou a prevenir hospitalizações de casos moderados e graves.
A publicação estatal chinesa Global Times negou que as taxas de eficácia da Sinovac sejam responsáveis pela nova vaga de infeções no Chile.
Um estudo da Universidade do Chile, que apurou que a eficácia, após a primeira das duas doses da vacina fixou-se em apenas 3%, teve como base dados "muito limitados", apontou o jornal, citando fonte não identificada.
Macau está a utilizar uma vacina desenvolvida pela estatal chinesa Sinopharm, enquanto Hong Kong adotou a inoculação desenvolvida pela Sinovac, uma farmacêutica privada chinesa.
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