"A UE e os seus Estados-membros expressam a sua solidariedade com os Estados Unidos relativamente ao impacto das ciberatividades maliciosas", lê-se numa mensagem do alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, em nome da UE.
Abordando o ciberataque que motivou a introdução de sanções norte-americanas a Moscovo - e que permitiu que piratas informáticos se infiltrassem, em 2020, em dezenas de organizações nos EUA, incluindo várias agências federais -, Josep Borrell diz que o mesmo "afetou governos e empresas no mundo inteiro, incluindo em Estados-membros da UE".
"Partilhamos as preocupações dos nossos parceiros relativamente ao número crescente de ciberatividades maliciosas, e estamos particularmente alarmados com o aumento recente de atividades que afetam a segurança e a integridade dos serviços e produtos baseados nas tecnologias de informação e comunicação (TIC)", frisa o chefe da diplomacia europeia.
Essas atividades, acrescenta, "podem ter efeitos sistémicos e criar danos significativos" à sociedade, segurança e economia europeias.
Borrell sublinha assim que "a utilização maliciosa das TIC mina os benefícios que a Internet (...) fornece à sociedade, e mostra a prontidão de alguns atores para arriscarem a segurança e a estabilidade internacional".
"Todos os atores devem abster-se de comportamentos irresponsáveis e desestabilizadores no ciberespaço", apelou.
O alto representante disse que a UE continuará a investigar aquelas atividades e defendeu uma "ação coordenada para prevenir, desencorajar, dissuadir e responder a tais comportamentos maliciosos no ciberespaço", incluindo através da colaboração com os parceiros internacionais.
Apelando assim a que todos os Estados "tomem as medidas apropriadas para assegurar a segurança e a integridade dos produtos e serviços baseados nas TIC nas suas cadeias de valor", Borrell diz que a UE continua a "trabalhar no sentido do estabelecimento de um 'Programa de Ação para assegurar o Comportamento Responsável de Estados no Ciberespaço'" no âmbito da ONU.
"A UE e os seus Estados Membros continuam fortemente empenhados (...) na promoção de um ciberespaço global, aberto, estável e seguro, que respeita os direitos humanos, as liberdades fundamentais, os valores e princípios democráticos e o Estado de direito, para que todos possam viver em segurança as suas vidas 'online' e 'offline'", afirma.
O comunicado da UE surge após o Governo dos EUA ter anunciado hoje novas sanções financeiras contra a Rússia e a expulsão de 10 diplomatas russos, em resposta a recentes ataques cibernéticos e à interferência na eleição presidencial de 2020 atribuída a Moscovo.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou um decreto que permitirá punir novamente a Rússia, de forma a provocar "consequências estratégicas e económicas", se Moscovo "continuar a promover uma escalada das suas ações de desestabilização internacional", informou a Casa Branca num comunicado.
A decisão de Biden constitui uma resposta ao ataque cibernético de 2020, atribuído a Moscovo, que afetou dezenas de organizações nos EUA, através da SolarWinds, uma empresa de 'software' norte-americana cujo produto foi pirateado para conseguir vulnerabilidade entre os seus utilizadores, incluindo várias agências federais dos EUA.
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