A carta foi assinada por mais de uma dúzia de senadores, incluindo Patrick Leahy, presidente do Comité de Apropriações, e Bob Menendez, presidente do Comité de Relações Exteriores.
Este movimento acontece a poucos dias de Biden se encontrar com Bolsonaro e outros líderes numa cimeira do clima organizada pelos Estados Unidos da América (EUA), que foi a principal promessa de campanha para combater de forma mais agressiva as alterações climáticas.
A carta parece destinada a restringir uma oferta ambiental incipiente de Jair Bolsonaro, um cético que era um fiel aliado do ex-presidente Donald Trump, e que tenta agora ser um parceiro de Biden nas questões ecológicas, na esperança de garantir milhares de milhões de dólares em ajuda externa para promover o desenvolvimento sustentável na Amazónia.
Numa carta enviada a Biden na quarta-feira, Bolsonaro foi o próprio a condicionar as metas ambientais do seu país ao recebimento de "recursos anuais significativos".
Nesse documento, de sete páginas, endereçado a Biden, Jair Bolsonaro comprometeu-se em acabar com a desflorestação ilegal no seu país até 2030 e admitiu a possibilidade de o Brasil antecipar para 2050 o objetivo de longo prazo de alcançar a neutralidade climática, 10 anos antes da data anteriormente assumida.
Os senadores alertam que o fracasso em desacelerar a desflorestação também afetará o apoio à candidatura do Brasil para entrar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), objetivo há muito almejado pelo Bolsonaro.
Os 15 senadores, que também incluem os ex-candidatos à Presidência Bernie Sanders e Elizabeth Warren, disseram apoiar a cooperação entre os Governos dos EUA e do Brasil na Amazónia, mas questionaram a credibilidade de Bolsonaro.
"A retórica e as políticas do Presidente Bolsonaro efetivamente deram luz verde aos perigosos criminosos que operam na Amazónica, permitindo-lhes expandir dramaticamente as suas atividades", escreveram os senadores na carta obtida pela agência Associated Press, citando reportagens recentes sobre abusos cometidos na região.
Uma parceria EUA-Brasil "só pode ser possível se o Governo de Bolsonaro começar a levar a sério os compromissos climáticos do Brasil - e apenas se proteger, apoiar e envolver de forma significativa os muitos brasileiros que podem ajudar o país a cumpri-los", acrescentaram os legisladores.
Bolsonaro aliou-se a poderosos interesses do agronegócio, lançou ofensas e calúnias contra ativistas ambientais e irritou-se com os líderes europeus que denunciaram a desflorestação na Amazónica enquanto a destruição da maior floresta tropical do mundo atingiu o seu pior nível desde 2008.
Na campanha, Biden propôs que os países forneçam ao Brasil 20 mil milhões de dólares (16,7 mil milhões de euros) para combater a desflorestação e disse que o país deve sofrer repercussões se falhar esse objetivo. Na época, Bolsonaro classificou os comentários de Biden como "lamentáveis" e "desastrosos".
As negociações bilaterais com o Brasil sobre meio ambiente começaram em 17 de fevereiro, lideradas pelo enviado especial do clima de Biden, John Kerry. Os dois lados têm realizado reuniões técnicas regulares antes da cimeira do clima de 22 e 23 de abril, que ocorrerá virtualmente devido à pandemia de covid-19.
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