Brasil. Doentes entubados acordados por falta de sedativos, dizem médicos

Já estão a ser entregues lotes de medicamentos para alivar a dor dos pacientes graves, mas não são suficientes. Médicos brasileiros indicam que, por vezes, recorrem a sedativos mais antigos e com mais efeitos secundários.

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© Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
18/04/2021 16:51 ‧ 18/04/2021 por Notícias ao Minuto com Lusa

Mundo

Covid-19

O crescimento abrupto do número de infeções no Brasil causou um volume de internamentos sem precedentes, o que colocou muitos hospitais em situação muito precária, sem disponibilidade de medicamentos para sedar e aliviar a dor de pacientes ventilados. O governo está a distribuir lotes de medicamentos, mas a quantidade não é suficiente para fazer face ao aumento de contágios.

Um dos estados onde a situação é mais crítica é São Paulo, o mais populoso do país, que este fim de semana se prepara para receber 400 mil lotes, um fornecimento será suficiente apenas para "alguns dias". O estado, com 46 milhões de habitantes, tem o maior volume de pacientes entubados por causa da Covid-19.

Uma enfermeira do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, na zona oeste do Rio, diz que os doentes em estado grave se encontram entubados, acordados e amarrados às camas, por causa da falta de sedativos, segundo reporta o G1.

"Na sala vermelha [UCI], os pacientes estão entubados e amarrados, estão a viver tudo acordados e sem sedativo, pois não tem nenhum sedativo, acabou tudo. Só para o UCI e estão sendo diluídos, e mesmo assim não dá para todos os pacientes", diz a enfermeira.

Só naquela unidade de Saúde há 78 internados com a doença.

"A contenção mecânica usada sem sedativos é realmente uma forma de tortura porque o paciente está ali incomodado e numa situação em que ele não pode nem mesmo chamar ajuda pela equipa multiprofissional", explicou, ainda, o médico intensivista Áureo do Carmo Filho.

Alguns profissionais de Saúde indicaram à publicação que estão a ser usados, em alguns casos, medicamentos mais antigos e com mais hipóteses de efeitos secundários.

Em causa, está o chamado 'kit de intubação', composto essencialmente por três tipos diferentes de sedativos, necessários para o processo de intubação traqueal de pacientes em estado grave.

Tanto o Ministério da Saúde como as organizações que reúnem os governadores e presidentes de municípios do Brasil iniciaram negociações com outros países e com as Nações Unidas para tentar garantir tanto estes sedativos como oxigénio medicinal, que também começou a escassear em pelo menos 400 cidades, de acordo com dados oficiais.

Leia Também: Covid-19: Brasil regista 2.929 mortes e 67.636 novas infeções em 24h

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