O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs ao homólogo russo, Vladimir Putin, uma reunião "em qualquer lugar" da zona de conflito de Donbass para evitar uma guerra.
A proposta de Zelensky foi transmitida através da televisão pública ucraniana.
Perante o agravamento da situação, Zelensky promulgou hoje uma emenda à Lei do Serviço Militar que permite destacar de forma rápida os reservistas e aumentar a capacidade defensiva da Ucrânia sem ter de anunciar a mobilização geral.
"Uma vez o Presidente da Rússia disse que se um confronto é inevitável é preciso agir primeiro, mas atualmente os líderes devem perceber que um conflito não pode ser inevitável quando se trata de uma guerra e de milhões de vidas humanas e não de 'rufias'", disse o chefe de Estado ucraniano.
Zelensky acrescentou que, apesar do passado comum, a Ucrânia e a Rússia têm uma visão diferente do futuro, sublinhando que não se trata necessariamente de um problema, mas sim de "uma oportunidade para parar, antes que seja tarde, a 'mortífera matemática' de perdas de militares".
O Presidente da Ucrânia indiciou que no princípio da semana debateu-se o restabelecimento do cessar-fogo e que durante as reuniões foi abordada a proposta sobre uma reunião com Putin na linha de separação para se "discutir a situação".
"Eu vou todos os meses (à região). Senhor Putin, estou disposto a ir mais além e propor uma reunião em qualquer ponto do Donbass ucraniano", afirmou Zelensky.
O Presidente ucraniano afirmou ainda que junto à fronteira da Ucrânia, a Rússia está a concentrar um grande contingente de tropas, que Moscovo afirma estarem destinadas a exercícios, mas "que todo o mundo encara como uma 'chantagem'".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitri Kuleba, disse na terça-feira que se calcula que a Rússia reforçou com mais 120 mil soldados o contingente próximo da fronteira.
Por outro lado, Zelensky assegurou que a Ucrânia nunca irá começar uma guerra, mas que vai resistir até "ao último homem" caso seja necessário.
"Temos de estar vigilantes? Sim. Temos de ter medo? Não. A Ucrânia de 2021 é diferente da Ucrânia de 2014", acrescentou Zelensky, referindo-se ao ano em que começou a crise com Moscovo.
De acordo com o Presidente da Ucrânia, o país conta atualmente com Forças Armadas experientes, bem equipadas, e com uma sociedade disposta a mobilizar-se de forma voluntária, além do "poderoso apoio dos aliados internacionais".
Na mesma mensagem, Zelensky frisou que os ucranianos, que têm sido o escudo da Europa, "precisam de sinais claros" de que contam com o apoio dos seus parceiros europeus.
"E não é apenas apoio da bancada, mas de jogadores da mesma equipa, no campo, ombro a ombro", disse.
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