"Para as inúmeras vítimas de origem africana e as suas famílias, nos Estados Unidos e em todo o mundo, a luta por justiça continua. A batalha para levar perante a justiça esses casos de uso excessivo da força ou mortes pela polícia e ganhá-los está longe de terminar", acrescentou a alta comissária num comunicado.
Bachelet disse que a impunidade dos polícias que matam e violam os direitos humanos "deve acabar" e acredita que é necessário tomar "medidas robustas para evitar mais mortes arbitrárias".
"Como infelizmente vimos nos últimos dias e semanas, as reformas nas forças de ordem nos Estados Unidos não são suficientes para evitar que pessoas de ascendência africana sejam mortas", Bachelet.
De forma mais ampla, a alta comissária acredita que o caso Floyd mostra "o quanto resta ainda ser feito para repelir o racismo sistémico que atinge as vidas de pessoas de origem africana", referindo que se deve enfrentar este flagelo de forma abrangente.
O Governo e a sociedade devem esforçar-se para "desmantelar o racismo sistémico", insistiu, embora reconheça que os Estados Unidos estão a dar passos importantes para atingir esse objetivo.
"Esses esforços devem ser acelerados e expandidos, e não devem definhar quando a atenção do público mudar para outro lugar", advertiu.
O ex-agente policial norte-americano Derek Chauvin foi considerado, na terça-feira, culpado de todas as acusações no julgamento do homicídio do afro-americano George Floyd.
Chauvin - que na sala de tribunal ouviu impassível a palavra "culpado" ser pronunciada por três vezes na deliberação dos jurados para os crimes de homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio por negligência -- foi levado sob custódia policial, algemado, depois de fazer uma ligeira vénia na direção do juiz.
A pena a que Chauvin irá ser condenado será determinada em sentença judicial, a agendar pelo tribunal do condado de Hennepin, na cidade de Minneapolis.
O crime de homicídio em segundo grau é punível com até 40 anos de prisão, homicídio em terceiro grau com pena máxima de 25 anos, e homicídio por negligência com pena de prisão de até 10 anos.
Como não tem antecedentes criminais, Chauvin só poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações e a quatro anos de prisão pela terceira.
As imagens da detenção de Floyd em 25 maio de 2020, com Chauvin a pressionar o pescoço por mais de nove minutos, apesar de o detido gritar "não consigo respirar", causaram motins nos Estados Unidos no verão passado, com a vítima a tornar-se símbolo da violência policial contra os afro-americanos.
Chauvin declarou-se inocente de todas as acusações.
Os outros três polícias que participaram na detenção - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao - serão julgados em agosto, acusados de cumplicidade no homicídio.
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