Estima-se que os recentes ataques na vila de Palma, na província de Cabo Delgado, tenham afetado 50.000 pessoas, aumentando o número de deslocados e de pessoas em situação de insegurança alimentar.
"As pessoas dispersaram-se em muitas direções diferentes desde os recentes ataques em Palma. Os sobreviventes estão traumatizados. Tiveram de fugir, deixando para trás os seus pertences e as famílias foram separadas", afirmou a diretora nacional do programa das Nações Unidas em Moçambique, Antonella Daprile, que esteve em Pemba, onde muitos deslocados procuraram refúgio, de acordo com um comunicado.
O PAM referiu que muitas pessoas fugiram para Pemba em barcos, enfrentando uma viagem traiçoeira, e que milhares continuam presas em Palma e no povoado vizinho de Quitunda, locais onde a agência das Nações Unidas está a entregar alimentos.
"Esta é a época de chuvas, a época dos ciclones, e o norte de Moçambique está no olho do furacão", assinalou a porta-voz do PAM na África Austral, Shelley Thakral, citada pela agência Associated Press.
"O conflito continua a resultar na fome no norte de Moçambique, com mais de 950.000 pessoas a enfrentarem agora fome severa", referiu o PAM no documento.
A agência das Nações Unidas revelou que está em vias de aumentar a sua resposta no norte de Moçambique, e que tem "planos para apoiar 750.000 deslocados internos e membros vulneráveis das comunidades locais nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia".
O PAM estimou que necessita de 82 milhões de dólares (68,3 milhões de euros) para responder à crise humanitária e "apoiar os mais vulneráveis".
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque ocorreu em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
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